Cidade moçambicana do Dondo necessita de alimentos para 90% da população

por Lusa

Lisboa, 26 mar (Lusa) - A cidade de Dondo, a segunda maior da província moçambicana de Sofala, necessita de alimentos para cerca de 90% dos 100 mil habitantes, afetados pelo ciclone Idai, que devastou o centro de Moçambique e provocou 468 mortos.

O presidente do município do Dondo, Manuel Virade Chaparica, assinalou, em declarações à Lusa, que "há muita necessidade" na cidade, que ficou "bastante afetada" com o desastre natural, com "mais de 4.000 casas destruídas parcialmente e 13 mil totalmente".

"Toda a cidade tem sinais de destruição", observou, em contacto telefónico a partir do Dondo.

Chaparica notou que a emergência alimentar devia "abranger cerca de 90% dos 100.000 habitantes" para "resolver o problema", porque, sublinhou, "claramente que existe muita necessidade por cada família".

Acrescenta que não é só nos oito centros de assentamento do município do Dondo, com um total de 3.500 famílias, num universo de mais de 17 mil pessoas, que se constata a carência de alimentos, "são outros que também precisam".

O presidente do município lembrou que, no bairro Samora Machel, onde está instalado um centro de assentamento, as autoridades municipais apenas entregaram alimentos na terceira vez que se deslocaram ao local.

"Levávamos alguns víveres. Infelizmente, não conseguimos por duas vezes entregar às famílias, porque houve tentativa de invasão", lembra Manuel Chaparica, salientando que a necessidade "vê-se quando se olha a situação de cada família".

É que, explicou, muitas pessoas "acharam que era melhor não ir para os centros de assentamento".

"Temos um `kit` de 10 quilogramas e, se multiplicarmos mais ou menos por 90% de 100.000 habitantes, seria o suficiente para resolver o problema", afirmou.

Até agora, quase duas semanas volvidas do ciclone, Dondo, com uma comunidade de "centenas de portugueses", recebeu "40 toneladas" de alimentos, entre os quais soja, arroz e feijão, mas Manuel Chaparica vinca que é necessário intensificar o auxílio.

"Precisamos de ajuda, ajuda e ajuda", disse, referindo-se não só a auxílio alimentar a Dondo, cidade a 30 quilómetros da Beira, como também "produtos de higiene, materias de construção e material elétrico".

No Dondo morreram 16 pessoas, vítimas da passagem do ciclone Idai, segundo o presidente do município.

Outra necessidade premente é "combustíveis" e "meios de transporte", para fazer a distribuição dos alimentos.

O número de vítimas mortais do ciclone Idai e das cheias que se seguiram no centro de Moçambique subiu para 468, anunciaram hoje as autoridades moçambicanas.

A informação foi prestada pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e representa um acréscimo de 21 mortos em relação aos dados de segunda-feira.

As autoridades apontam ainda a existência de 1.522 feridos.

Os 154 centros de acolhimento existentes atualmente continuam a receber pessoas afetadas pelo Idai, acolhendo mais de 127.000 pessoas, o que equivale a mais de 24 mil famílias.

O número de pessoas afetadas pelo ciclone subiu para 797.000, sendo que este total de pessoas afetadas não significa que estejam em risco de vida.

As Nações Unidas apontam para a existência de 1,8 milhões de pessoas a necessitarem de assistência humanitária urgente.

Entre os danos materiais, as autoridades moçambicanas registam mais de 90 mil habitações afetadas, sendo que 50.619 ficaram totalmente destruídas, 24.556 parcialmente destruídas e 15.784 inundadas.

Quase 500 mil hectares de terras ficaram inundadas, ainda segundo o balanço divulgado hoje pelo INGC.

 

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