Cimeira. Von der Leyen avisa que Kiev tem de atingir metas antes da adesão à UE

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Reuters

No final da cimeira da União Europeia com a Ucrânia, que decorreu em Kiev, os líderes europeus sublinharam a vontade de integrar a Ucrânia na UE, mas moderaram as expectativas de Kiev em relação a uma adesão rápida. A presidente da Comissão Europeia disse que não existem "prazos rígidos", mas alertou que a Ucrânia tem de atingir algumas metas antes de se tornar membro da UE.

A 24.ª cimeira União Europeia-Ucrânia, que decorreu em Kiev, ficou marcada pela adesão da Ucrânia à UE.

Na conferência de imprensa no final do encontro desta sexta-feira, o presidente ucraniano disse que a adesão à UE “é irreversível” e que as negociações poderão ser aceleradas durante este ano.

“O objetivo é começar as negociações este ano e diria que é um objetivo concreto”, afirmou Volodymyr Zelensky, que disse estar a aguardar as decisões da Comissão e do Parlamento Europeu.

O presidente do Parlamento Europeu sublinhou que “o futuro da Ucrânia está na UE” e que "a Ucrânia e a UE são uma família". “A Ucrânia é a UE e a UE é a Ucrânia”, salientou Charles Michel em conferência de imprensa.
No entanto, tanto Charles Michel como Usrula von der Leyen colocaram água na fervura das expectativas da Ucrânia, que procura uma adesão rápida ao bloco europeu depois de ter conseguido o estatuto de candidato oficial à adesão, em junho de 2022.

“Não há prazos rígidos para a adesão, mas existem objetivos que têm que ser alcançados”, disse a presidente da Comissão Europeia, que lembrou a demora do processo, lembrando que a União Europeia começou com seis membros em 1957 e, neste momento, são 27.

“Não há um modelo único, depende muito de cada país candidato”, sublinhou von der Leyen.

“É preciso implementar reformas para depois se iniciarem as negociações de adesão”, sublinhou, aplaudindo a Ucrânia pela “precisão, qualidade e rapidez com que conseguiu responder aos requisitos necessários” para avançar no processo, nomeadamente no que diz respeito ao combate à corrupção.
Décimo pacote de sanções deverá estar pronto até 24 fevereiro 
Ursula von der Leyen também anunciou que Bruxelas conta adotar o décimo pacote de sanções à Rússia até 24 de fevereiro, data em que se assinala um ano desde o início da invasão da Ucrânia.

Segundo a presidente da Comissão Europeia, o novo pacote de sanções irá incidir novamente nas tecnologias, nomeadamente componentes usados em drones russos que estão a ser utilizados nos ataques à Ucrânia.

“Continuaremos a exercer pressão sobre a Rússia para acabar com a guerra”, garantiu Charles Michel, que afirmou que as sanções estão a funcionar. “A economia russa está depauperada e sem tecnologias necessárias”, afirmou.

O presidente do Conselho Europeu reiterou ainda, na sua intervenção, que Bruxelas mantém o objetivo de usar os bens congelados à Rússia através de sanções adotadas desde o início da agressão para financiar a reconstrução do país.

Em resposta aos jornalistas, o presidente ucraniano garantiu que vai lutar para manter a cidade "fortaleza" de Bakhmut o maior tempo possível.
"Ninguém vai desistir de Bakhmut. Vamos lutar enquanto pudermos. Consideramos Bakhmut a nossa fortaleza", disse Zelensky.

"Se o envio de armas for acelerado, especificamente armas de longo alcance, não só não sairemos de Bakhmut, como também começaremos a desocupar Donbass, que está ocupado desde 2014", acrescentou.

O presidente do Conselho Europeu garantiu que a União Europeia vai ajudar Kiev de todas as formas que conseguir e que não se deixa intimidar pela Rússia.

"A UE irá apoiar-vos de todas as formas possíveis durante todo o tempo que for necessário. Não seremos intimidados pelo Kremlin", disse Michel aos ucranianos.

A cimeira arrancou esta sexta-feira debaixo de ameaça de ataque aéreo. A própria Ursula von Der Leyen teve de se refugiar quando soaram as sirenes.

c/agências
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