Clima. Onze mil cientistas alertam para "sofrimento incalculável"

por RTP
Os cientistas alertam para a hipótese de vastas áreas da Terra se tornarem inabitáveis Foto: Gene Blevins - Reuters

No dia em que se assinalaram os 40 anos da primeira conferência mundial sobre o clima, mais de 11 mil cientistas de 153 países juntaram-se para alertar para o "sofrimento incalculável" que as alterações climáticas irão provocar a menos que haja grandes transformações na sociedade.

“Declaramos clara e inequivocamente que o planeta Terra está a enfrentar uma emergência climática”, frisaram os cientistas na revista BioScience, publicada na terça-feira. “Para garantirmos um futuro sustentável, precisamos de mudar a forma como vivemos”.

“Isso implica grandes transformações no modo como a sociedade global funciona e interage com os ecossistemas naturais”, explicam os cientistas, que alertam ainda que não há tempo a perder.

“A crise climática já chegou e está a acelerar mais rápido do que a maioria dos cientistas esperava. É mais grave do que se pensava e está a ameaçar ecossistemas naturais e o destino da humanidade”.

As medidas aconselhadas por estes especialistas passam por travar o crescimento populacional – atualmente há mais 200 mil pessoas no mundo a cada dia que passa -, reduzir a utilização de combustíveis fósseis através da aplicação de taxas e substituindo-a por energias renováveis, terminar com a destruição de florestas e diminuir o consumo de carne.
“Áreas da terra inabitáveis”
Outra das atividades humanas que traz consigo “sinais profundamente perturbadores” a nível climático é a atividade aérea, com o número de passageiros a aumentar significativamente. “A crise climática está ligada ao excessivo consumo de um estilo de vida rico”, defendem os peritos.

“Estas reações climáticas em cadeia podem causar perturbações significativas nos ecossistemas, sociedade e economias, potencialmente tornando vastas áreas da Terra inabitáveis”, alertam.

“A boa notícia é que uma mudança transformadora, com justiça social económica para todos, levará a um bem-estar humano muito superior àquele que sentimos atualmente”.

Os mais de 11 mil cientistas de 153 nacionalidades colaboraram para a elaboração desta mensagem, publicada no dia em que se celebraram 40 anos desde a primeira conferência global sobre o clima, realizada em Genebra em 1979.

O professor William Ripple, principal autor do comunicado, diz ter sentido a necessidade de passar esta mensagem para que se entendam todas as causas e efeitos desta crise, e não apenas os problemas mais abordados: as emissões de carbono e o aumento da temperatura global.
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