Combate pela sucessão de Cameron no Partido Conservador ganha rostos

por Jorge Almeida - RTP
O ainda primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o antigo <i>mayor</i> de Londres Boris Johnson durante uma ação de campanha das eleições locais de 2014 Stefan Rousseau - Reuters

Com a saída de David Cameron, é altura de encontrar um sucessor para a liderança do Partido Conservador. Quem quer seja terá à espera uma missão complicada: a saída do Reino Unido da União Europeia e a unificação do país.

O ex-presidente da Câmara de Londres Boris Johnson e a ex-ministra do Interior Theresa May são aparentemente os candidatos melhor posicionados para a liderança do Partido Conservador.

Nas últimas horas Michael Gove, ministro da Justiça e da Educação nos últimos anos, também anunciou a sua candidatura. Na corrida do partido Tory também poderá aparecer no último momento Liam Fox, ex-secretário da Defesa.



A apresentação dos candidatos deve ficar concluída até ao início da tarde desta quinta-feira. Uma vez encerradas as candidaturas, os deputados têm três semanas para escolher dois finalistas que serão sujeitos a uma votação dos 150 mil membros do partido durante o verão.

Depois de dez anos à frente do Partido Conservador e os últimos cinco como primeiro-ministro, David Cameron já disse que o partido necessita de uma liderança fresca para assumir a tarefa de negociar a separação do Reino Unido da União Europeia.
Em busca de um novo modelo
Theresa May, que foi ministra do Interior, das Mulheres e da Igualdade desde 2010, afirmou ao jornal The Times que é capaz de “unir a Grã-Bretanha” e curar as divisões expostas pelo resultado do Brexit.



No mesmo artigo a candidata conservadora revela que tem um ambicioso programa de reforma social para melhorar a vida dos britânicos mais desfavorecidos. A luta contra a insegurança no trabalho será uma das bandeiras.

A política natural de Eastbourne com 59 anos, destaca a sua longa experiência num alto cargo do Governo e escreveu que o papel do Estado precisa de ser pensado de forma diferente: "Em vez de pensarmos no Estado sempre como um problema, devemos reconhecer que é apenas o Estado que pode fornecer soluções para os problemas que enfrentamos".
“Visão otimista”
Ao contrário de Theresa May, Boris Johnson era um dos principais apoiantes da saída do Reino Unido da União Europeia.

O candidato pretende colocar o Brexit no centro da sua “visão otimista” para o país e afirma que uma maior autodeterminação é uma oportunidade: para acreditar “nos valores do país”.

Johnson já veio dizer, depois da vitória no referendo, que o próximo líder conservador tem que ser “alguém que acredita e que fez campanha para deixar a UE”.

O ex-presidente da Câmara de Londres conseguiu nos últimos meses o apoio de figuras que estavam em campos opostos em relação ao referendo. Um delas foi a secretária do Meio Ambiente, Liz Truss, que considera que as duas vitórias de Johnson em Londres mostraram capacidade de “estender a mão” às pessoas para além da base conservadora.
Um caminho difícil e penoso
O novo líder do Partido Conservador tem uma tarefa árdua pela frente. Vai ter de negociar a saída da União Europeia, protegendo da melhor forma os interesses económicos do Reino Unido.

Por outro lado, terá de atender às expectativas daqueles que votaram a favor de um maior controlo da imigração.
Tópicos
pub