"Completo fracasso". Moscovo descreve cerco a Zelensky na Casa Branca como "lição de moral"
O Governo russo descreveu este sábado como "completo fracasso" a deslocação do presidente ucraniano, na véspera, a Washington. Uma missão toldada pelo elevar de vozes na Sala Oval, protagonizado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu vice-presidente, JD Vance. Perante este incidente, Moscovo conserva o vocabulário traçado no início da invasão: o objetivo é "desnazificar" Kiev.
"É um completo fracasso político e diplomático do regime de Kiev", veio sustentar a porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros.Maria Zakharova acusou mesmo Volodymyr Zelensky de se mostrar "incapaz de demonstrar sentido de responsabilidade".
Em comunicado, Zakharova afirma que o presidente ucraniano "recusa a paz" e recorre a "mentiras e manipulações para justificar a continuação das hostilidades e a receção de ajuda militar e financeira do Ocidente".
"Com o seu comportamento escandalosamente rude durante a sua estadia em Washington, Zelensky confirmou que é a ameaça mais perigosa para a comunidade internacional, enquanto belicista irresponsável", acentuou a porta-voz.
A porta-voz da diplomacia de Moscovo deixou ainda a acusação, dirigida às lideranças europeias, de "fraqueza política" e "degradação moral".
Objetivos "permanecem inalterados"
Recuperando aquela que tem sido a retórica do regime de Vladimir Putin, Zakharova reiterou que os objetivos do país na Ucrânia "permanecem inalterados", ou seja, passam pela "desmilitarização" e pela denominada "desnazificação", além do "reconhecimento das realidades no terreno".
A Rússia pretende exercer soberania sobre quatro regiões do leste e do sul da Ucrânia, a somar à Península da Crimeia, anexada em 2014. E exige, sobretudo, que o país invadido não seja acolhido no seio da NATO.
Na sexta-feira, Donald Trump e o seu vice-presidente, JD Vance, acusaram o chefe de Estado ucraniano, perante as câmaras, na Casa Branca, de não se mostrar grato pelo apoio norte-americano e de se negar a aceitar conversações de paz.
Zelensky acabaria por abandonar a Casa Branca sem assinar o acordo sobre a exploração de terras raras ucranianas desejado pela Administração Trump.
Um repto de Orbán
Figura próxima quer de Vladimir Putin, quer de Donald Trump, o primeiro-ministro húngaro exortou também este sábado a União Europeia a encetar negociações com a Rússia, agitando mesmo a ameaça de bloqueio ao Conselho Europeu. Esta posição consta de uma carta remetida ao presidente do Conselho Europeu, António Costa, e noticiada pela France Presse.Os líderes europeus reúnem-se no domingo, em Londres, com a finalidade de robustecer o apoio à Ucrânia.
"Estou convencido de que a União Europeia, tal como os Estados Unidos, deve iniciar conversações diretas com a Rússia sobre um cessar-fogo e paz duradoura na Ucrânia", escreve Vikotr Orbán.
Orbán enfatiza as "diferenças estratégicas na abordagem à Ucrânia que não podem ser ultrapassadas por rascunhos ou comunicados".
c/ agências