Zelensky agradece mas pede apoio "mais firme" dos Estados Unidos à Ucrânia

Em várias mensagens publicadas na rede social X, o presidente ucraniano deixa múltiplos agradecimentos ao Governo norte-americano, depois de ter sido acusado, na sexta-feira, pelo vice-presidente dos EUA, de não ter agradecido uma única vez pela ajuda norte-americana nestes últimos três anos. Volodymyr Zelensky considera o apoio dos EUA “crucial” e pede um apoio “mais firme” da parte de Washington, nomeadamente “garantias claras de segurança”.

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Nathan Howard - Reuters

“Estamos muito gratos aos Estados Unidos por todo o apoio. Estou grato ao Presidente Trump, ao Congresso pelo seu apoio bipartidário e ao povo americano. Os ucranianos sempre apreciaram este apoio, especialmente durante estes três anos de invasão em grande escala”, escreveu Zelensky numa publicação na rede social X.


O presidente ucraniano fez questão de repetir a palavra “obrigado”, depois de JD Vance ter acusado Zelensky de não ter agradecido uma única vez pela ajuda norte-americana durante o encontro de sexta-feira.

Apesar do momento de humilhação e da discussão acesa na conferência de imprensa de sexta-feira na Casa Branca, Volodymyr Zelensky acredita que a sua relação com Trump pode ser restaurada e diz que não quer perder o apoio norte-americano.

“O povo americano ajudou a salvar o nosso povo. Os seres humanos e os direitos humanos estão em primeiro lugar. Estamos realmente gratos. Queremos apenas relações fortes com a América, e espero realmente que as tenhamos”, declara.

Zelensky admite que sem a ajuda americana vai ser complicado lutar contra os russos e pede a Trump um apoio “mais firme”, nomeadamente “claras garantias de segurança”.

“Se não podemos ser aceites na NATO, precisamos de uma estrutura clara de garantias de segurança dos nossos aliados nos EUA”, pede Zelensky.

“A Europa está pronta para contingências e para ajudar a financiar o nosso grande exército. Precisamos também do papel dos EUA na definição das garantias de segurança”, reiterou.

“Quando estas garantias estiverem em vigor, poderemos falar com a Rússia, a Europa e os EUA sobre diplomacia”, diz.

No início desta semana, num encontro com o presidente francês em Washington, Donald Trump rejeitou enviar tropas norte-americanas para a Ucrânia, mas disse ter falado com o presidente russo e que este se mostrou favorável ao envio de tropas europeias para Kiev.

No entanto, momentos mais tarde, o Kremlin veio rejeitar estas declarações, afirmando que a presença de tropas da NATO na Ucrânia seria vista como “uma ameaça direta” à soberania da Rússia.
Zelensky pede “apoio mais firme”
“Quero que os EUA se mantenham mais firmes ao nosso lado”, pediu Zelensky, afirmando que “esta não é apenas uma guerra entre os nossos dois países”.

“Todos os ucranianos querem ouvir uma posição forte dos EUA do nosso lado. É compreensível que os EUA procurem um diálogo com Putin. Mas os EUA sempre falaram de "paz através da força". E juntos podemos tomar medidas fortes contra Putin”, diz Zelensky.
O presidente ucraniano diz estar “pronto” para assinar o acordo sobre minerais com os EUA, mas ressalva que “não é suficiente”.

“Estamos prontos para assinar o acordo de minerais, e será o primeiro passo em direção às garantias de segurança. Mas não é o suficiente, e precisamos de mais do que isso”, escreve Zelensky, afirmando que “um cessar-fogo sem garantias de segurança é perigoso para a Ucrânia”.

“O acordo sobre os minerais é apenas um primeiro passo em direção a garantias de segurança e à aproximação da paz. A nossa situação é difícil, mas não podemos simplesmente parar de lutar sem ter garantias de que Putin não regressa amanhã”, sublinha Zelensky.

O acordo sobre minerais acabou por não ser assinado na sexta-feira, conforme planeado, após a acesa troca de palavras entre Trump e Zelensky. Zelensky e a comitiva ucraniana acabaram mesmo por abandonar prematuramente o encontro na Casa Branca.
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