O congressista Steve Scalise, um funcionário e dois polícias do Congresso norte-americano foram atingidos esta quarta-feira durante um tiroteio em Alexandria, perto de Washington, no Estado norte-americano de Virgínia. Scalise, uma das principais figuras entre os republicanos, participava num treino da equipa de basebol do partido. Donald Trump elogiou a intervenção "heróica" da polícia e confirmou que o atacante morreu na sequência dos ferimentos.
A polícia de Alexandria confirmava num tweet que está a investigar um tiroteio na cidade. As autoridades não revelaram ainda a identidade dos feridos nem do suspeito. Numa declaração a partir da Casa Branca, o Presidente Donald Trump confirmou que o suspeito do ataque morreu na sequência dos ferimentos.
"Muitas vidas teriam sido perdidas se não fossem os atos heróicos dos dois agentes, que abateram o atirador apesar de terem sido alvejados", destacou o chefe de Estado.
A imprensa norte-americana adianta que o autor dos disparos encetou um ataque "intencional" e está a ser identificado como James T. Hodgkinson, um homem branco de 66 anos, natural de Belleville, no Illinois.
O Washington Post refere que uma página de Facebook com o mesmo nome apresentava várias mensagens contra o Presidente Donald Trump e outras de apoio ao antigo candidato democrático Bernie Sanders.
"Trump é um traidor. Trump destruiu a nossa democracia", pode ler-se num dos posts. "Devia ir para a prisão", escreveu numa outra ocasião.
Bernie Sanders, senador democrata que se candidatou às eleições presidenciais de 2016, já lamentou o ataque e condenou este tiroteio.
"Acabei de ser informado que o alegado atirador no campo de treinos dos republicanos foi alguém que, aparentemente, participou enquanto voluntário na minha campanha presidencial. Este ato foi desprezível e qualquer tipo de violência é inaceitável na nossa sociedade", referiu.
"As verdadeiras mudanças só podem ser alcançadas por meio da ação não-violenta. Qualquer outro tipo de atiude contraria os valores americanos mais profundos", acrescentou o senador.
Em declarações à agência Reuters, o chefe da polícia de Alexandia informou que a investigação deste incidente vai agora ficar a cargo do FBI. Tim Slater, da polícia federal norte-americana, refere que ainda é "muito cedo" para perceber se o atacante tinha algum alvo em concreto.
APD Chief Michael Brown updated media. 5 transported to local hospitals, including suspect. We will not ID victims or suspect right now. pic.twitter.com/pPYlqEjACM
— Alexandria Police (@AlexandriaVAPD) June 14, 2017
Steve Scalise é atualmente congressista na Câmara dos Representantes pelo Partido Republicano e ocupa o lugar de majority whip, a quem compete auxiliar diretamente o presidente da câmara baixa do Congresso norte-americano e o líder da maioria republicana. Foi atingido numa perna e não deverá correr perigo de vida.
Em comunicado, a equipa de Scalise esclarece que o congressista está "em condição estável" e já foi submetido a cirurgia. "Antes da operação, o congressista estava de bom humor e falou com a mulher pelo telefone. Ele está grato pela atuação corajosa da polícia do Capitólio e dos colegas", acrescenta o comunicado.
"Teria sido um massacre"
Steve Scalise integrava um grupo de congressistas que preparava o jogo anual entre democratas e republicanos, uma tradição que se repete desde 1909, e que estava marcado para esta quinta-feira à noite. Não se sabe ainda se o evento será adiado na sequência deste tiroteio.
O republicano Mo Brooks também se encontrava no local e contou à CNN que ouviu "entre 50 a 100 tiros disparados" entre o atacante a polícia, uma troca de disparos que durou pelo menos dez minutos segundo a equipa de segurança de Steve Scalise.
"Vi o atirador durante um ou dois segundos. Tinha uma arma semiautomática e disparou na direção de várias pessoas. Como pode imaginar, toda a gente dispersou ao longo do campo", relatou o congressista.
A polícia de Alexandria confirma para já que foram transportados cinco feridos para o hospital, tendo um deles sido atingido no pescoço. Ainda não são conhecidas as motivações deste ataque.
Rand Paul, um senador republicano que também estava no local, contou à CNN que a presença da polícia do Capitólio foi fulcral para neutralizar o atacante.
"Ninguém teria sobrevivido sem a intervenção da polícia do Capitólio. Teria sido um massacre sem eles. Não tinhamos nada com que nos defender dos tiros a não ser os tacos de basebol", referiu o senador.
Em declarações à Fox News, o mesmo senador explicou que a presença de Steve Scalise foi importante para que o ataque fosse neutralizado rapidamente, uma vez que a condição enquanto um dos mais relevantes congressistas confere condições de segurança especiais.
Num comunicado citado pela CNN, emitido pouco depois do ataque, Donald Trump diz-se "profundamente triste com esta tragédia".
"Os nossos pensamentos e orações estão com os membros do Congresso, funcionários, a polícia do Capitólio, os socorristas e todos os afetados", referiu o Presidente. No Twitter, Trump refere-se a Scalise como "um amigo verdadeiro, um patriota", que ficou gravemente ferido "mas que irá recuperar por completo".
Rep. Steve Scalise of Louisiana, a true friend and patriot, was badly injured but will fully recover. Our thoughts and prayers are with him.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) June 14, 2017
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, refere num tweet que o Presidente Donald Trump e o vice-presidente Mike Pence estão a par da situação na Virgínia.
"Os nossos pensamentos e orações estão com todos os que foram afetados", acrescentou o porta-voz.Both @POTUS & @VP are aware of the developing situation in Virginia. Our thoughts and prayers are with all affected.
— Sean Spicer (@PressSec) June 14, 2017
Numa nota de solidariedade, os senadores e congressistas do Partido Democrático, que também treinavam para o jogo de basebol agendado para quinta-feira, partilharam durante a manhã uma fotografia onde rezam pelas vítimas do incidente.
.@HouseDemocrats praying for our @HouseGOP @SenateGOP baseball colleagues after hearing about the horrific shooting. https://t.co/y2HEUaSuzd pic.twitter.com/6HBrlnxtey
— Rep. Ruben J. Kihuen (@RepKihuen) June 14, 2017
Antes de Steve Scalise, o último membro do Congresso norte-americano a ser baleado tinha sido a democrata Gabrielle Giffords, que foi atingida na cabeça em Tucson, no Arizona, em janeiro de 2011. Giffords sobreviveu, mas seis pessoas morreram na sequência desse tiroteio.
Esta quarta-feira, Giffords tweetou sobre o incidente na Virgínia, numa demonstração de apoio para com os "antigos colegas, as famílias, funcionários e a polícia do Capitólio".
Na sequência deste tiroteio, a Câmara dos Representantes decidiu cancelar ou adiar a votação de legislação prevista para esta quarta-feira. No Capitólio, a polícia aumentou os níveis de segurança. Também o Presidente Donald Trump cancelou um evento previsto para a tarde de quarta-feira no Departamento do Trabalho.My heart is with my former colleagues, their families & staff, and the US Capitol Police- public servants and heroes today and every day.
— Gabrielle Giffords (@GabbyGiffords) June 14, 2017