Coreia do Norte. Ex-militar é nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros

por RTP
Ri Son-gwon ao centro da imagem Reuters

A Coreia do Norte nomeou o ex-oficial do exército, Ri Son-gwon, como novo ministro dos Negócios Estrangeiros. Os especialistas dizem que a escolha de Son-gwon sugere uma postura mais inflexível nas negociações nucleares com os Estados Unidos.

A agência de notícias coreana KCNA confirmou, esta sexta-feira, que Ri Son-gwon irá substituir Ri Yong-ho, no cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte.

Son-gwon tem pouca experiência diplomática em assuntos nucleares e em negociações com as autoridades norte-americanas. Anteriormente, o ex-militar chefiava um órgão governamental responsável pelas relações entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul e participou em várias conversas inter-coreanas nos últimos 15 anos.

Ahn Chan-il, investigador norte-coreano afirma que “ter um ex-oficial do exército como principal diplomata simboliza a posição intransigente da Coreia do Norte contra os EUA. É muito raro alguém com formação militar ser escolhido como ministro dos Negócios Estrangeiros”.

O analista Cheong Seron-Chang, do Instituto Sejong, na Coreia do Sul, afirma que a nomeação do ex-militar vai endurecer a posição sobre os EUA e consolidaria a posição da Coreia do Norte como Estado Nuclear.
“A partir de agora vai ser difícil esperar um progresso significativo entre a diplomacia norte-coreana e americana”, declarou Seron-Chang, ao Time.

Na Coreia do Sul, Son-gwon é conhecido por ser um negociador desagradável, rude e duro.

Em setembro de 2018, quando um grupo de empresários sul-coreanos visitou a Coreia do Norte, Ri Son-gwo, durante um almoço, perguntou: “o naengmyeon [prato norte-coreano] está a descer pelas vossas gargantas?”, mostrando insatisfação com a falta de progresso nos projetos económicos entre as duas Coreias.

Uma fonte do Governo norte-americano afirmou que os EUA sabiam da nomeação de Son-gwon e que estão à espera que a Coreia do Norte retome as negociações relativas a assuntos nucleares.

A mesma fonte afirmou que “não há nada a ganhar em não falar” e considera que estas negociações fazem parte de “uma diplomacia lenta, paciente e constante”, cita o jornal britânico The Guardian.

Ri Son-gwon substitui Ri Yong-ho, que foi deixado de lado depois do líder norte-coreano, Kim Jong-un e o Presidente dos EUA, Donald Trump, se desentenderam nas negociações da flexibilização das sanções internacionais e com o que Pyongang estaria disposto a desistir em troca, em fevereiro.

Kim Jong-un declarou recentemente que a Coreia do Norte reforçaria o seu arsenal nuclear e revelaria uma nova “arma estratégica” depois dos EUA não cumprirem o prazo estabelecido por ele, para fazer concessões, refere o Aljazeera.
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