Coreia do Norte ignora tentativas de contacto por parte dos EUA

por RTP
A Administração Biden tem sido bastante cautelosa na forma como descreve publicamente a sua abordagem relativamente a Pyongyang. Foto: Reuters

A Administração de Joe Biden afirma que está há um mês a tentar contactar o Governo da Coreia do Norte, mas não obteve qualquer resposta até ao momento. O silêncio por parte de Pyongyang levanta questões sobre como o presidente dos EUA vai resolver as crescentes tensões com a Coreia do Norte relativamente ao seu armamento nuclear, assim como confere uma nova dimensão à visita do secretário de Defesa norte-americano à Ásia na próxima semana.

Para reduzir os riscos de uma escalada, entrámos em contacto com o Governo norte-coreano por meio de vários canais a partir de meados de fevereiro, nomeadamente em Nova Iorque”, revelou um alto funcionário da Administração Biden à CNN.

Até ao momento, não recebemos nenhuma resposta por parte de Pyongyang”, garante.

O funcionário do Executivo de Biden acrescenta que parece não ter existido um “diálogo ativo” entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte há mais de um ano, incluindo no período final da Administração de Donald Trump, “apesar das várias tentativas de colaboração dos EUA”.

Washington e Pyongyang permanecem em desacordo sobre os programas nucleares e os mísseis balísticos da Coreia do Norte. Após o fracasso do Executivo do ex-presidente Donald Trump em resolver o conflito da desnuclearização, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, instou o novo Governo do presidente, Joe Biden, a propor novas alternativas para retomar o diálogo, alertando que Pyongyang está a preparar novos testes de armas.

Durante a sua campanha eleitoral, Biden, por sua vez, apelidou Kim Jong-un de “bandido” e disse que apenas se encontraria com o líder norte-coreano se este concordasse com a redução da capacidade nuclear.

A Administração Biden tem sido bastante cautelosa na forma como descreve publicamente a sua abordagem relativamente a Pyongyang, tendo apenas revelado que está a realizar uma revisão da política em relação à Coreia do Norte que deverá ser publicada em abril.

Segundo revelou o alto funcionário à CNN, esta revisão inclui “a avaliação de todas as opções disponíveis para enfrentar a crescente ameaça representada pela Coreia do Norte aos seus vizinhos e à comunidade internacional em geral”. A fonte recusou especular sobre de que forma o silêncio por parte de Pyongyang vai influenciar esta revisão de políticas.
Visita dos EUA à Ásia
A revelação das tentativas falhadas de contacto com a Coreia do Norte levanta questões sobre como será a visita ao Japão e à Coreia do Sul na próxima semana pelo secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, e pelo secretario de Defesa, Lloyd Austin, onde as ambições nucleares de Pyongyang devem ocupar um lugar de destaque na agenda.

A viagem de quatro dias é a primeira visita oficial ao exterior da administração Biden e tem como objetivo restaurar os laços com Tóquio e Seul. Anthony Blinken também deverá representar os EUA no primeiro encontro diplomático com as autoridades chinesas sob a Administração Biden. O secretário de Estado norte-americano vai reunir-se com Yang Jiechi, diretor do Gabinete da Comissão Central dos Negócios Estrangeiros da China e com Wang Yi, conselheiro de Estado, em Anchorage, Alasca, a 18 de março.

Blinken defendeu a possibilidade de sanções adicionais, em articulação com os aliados, para pressionar a Coreia do Norte a desnuclearizar. Até agora, as diversas sanções internacionais não convenceram Kim Jong-un a desistir das suas armas nucleares.

Um relatório confidencial da ONU revelou que a Coreia do Norte manteve e desenvolveu os seus programas de mísseis nucleares e balísticos ao longo de 2020, violando as sanções internacionais. O relatório apontou ainda que Pyongyang terá retomado no ano passado a cooperação com o Irão no desenvolvimento de mísseis de longo alcance.

c/agências
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