Coreia do Norte lança dois mísseis balísticos para o Mar do Japão

por Andreia Martins - RTP
Kim Hong-Ji - Reuters

A Coreia do Sul anunciou que foram lançados dois mísseis balísticos não identificados no Mar do Japão, também designado por Mar Oriental. Tóquio também já confirmou a informação e o primeiro-ministro do país, Yoshihide Suga, considerou que se trata de um ato "ultrajante", que coloca em causa a paz e segurança na região. Este é o segundo teste realizado pela Coreia do Norte desde o início da semana.

De acordo com o Chefe do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, não se sabe ainda para onde estavam destinados os mísseis balísticos, mas os militares estão “em postura de prontidão total, em estreita cooperação com os Estados Unidos”.

Também a Guarda Costeira do Japão detetou os lançamentos, indicando que os misseis caíram fora da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Japão. O Ministério da Defesa em Tóquio indicou ainda que os lançamentos ocorreram às 13h38 locais (5h38 em Lisboa), adianta a televisão pública NHK.

"Estas ações ameaçam a paz e a segurança do Japão e da região e são absolutamente ultrajantes. O Governo do Japão está determinado em intensificar a vigilância para estar preparado para qualquer contingência", disse o primeiro-ministro nipónico, Yoshihide Suga, citado pela agência Associated Press.

O Governo japonês adiantou que os mísseis foram detetados nas águas entre o noroeste do Japão e a Península Coreana.
Segundo lançamento norte-coreano esta semana

Este é já o segundo teste realizado por Pyongyang nos últimos dias, sendo que é o primeiro com um míssil balístico desde março. Estes mísseis balísticos são capazes de transportar ogivas convencionais ou nucleares e são classificados de acordo com a distância que conseguem alcançar.

Em anos recentes, a Coreia do Norte já testou mísseis balísticos intercontinentais, capazes de alcançar a Europa ou mesmo os Estados Unidos. Na segunda-feira, a Coreia do Norte testou um míssil de cruzeiro de longo alcance, capaz de transportar uma ogiva nuclear e de atingir grande parte do Japão.

O novo míssil de cruzeiro de longo alcance percorreu 1.500 quilómetros e Pyongyang diz que se trata de “uma arma estratégica de grande importância”.

Depois de quase um ano de absoluto isolamento, em que até as relações comerciais com o maior aliado – a China - foram interrompidas, com o objetivo de impedir a propagação da Covid-19, a Coreia do Norte volta a procurar marcar a agenda internacional, ao mesmo tempo que o país enfrenta grandes dificuldades económicas, com sanções e escassez de alimentos.
Testes sul-coreanos

Estes lançamentos acontecem na semana em que os principais negociadores para a questão da desnuclearização se reúnem para tentar resolver o impasse, juntando responsáveis dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul.

Esta quarta-feira, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros visitou Seul para um encontro com o homólogo sul-coreano. Wang Yi sublinhou que todos os países envolvidos devem reduzir as suas atividades militares e diminuir a tensão. A reunião decorreu poucas horas antes destes lançamentos mais recentes de Pyongyang terem sido anunciados.

“Não apenas a Coreia do Norte, mas também outros países estão a realizar atividades militares”, afirmou o chefe da diplomacia chinesa, numa referência a exercícios conjuntos de verão entre Seul e Washington. Recentemente, a própria Coreia do Sul realizou o primeiro teste para o lançamento de um míssil balístico a partir de um submarino.

A tensão tem vindo a aumentar nas últimas semanas e todos os envolvidos estarão recordados de que, ainda no mês passado, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) anunciava que a Coreia do Norte poderia ter reiniciado os trabalhos num reator capaz de produzir plutónio para armas nucleares.

(c/ agências)
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