A Coreia do Sul anunciou que foram lançados dois mísseis balísticos não identificados no Mar do Japão, também designado por Mar Oriental. Tóquio também já confirmou a informação e o primeiro-ministro do país, Yoshihide Suga, considerou que se trata de um ato "ultrajante", que coloca em causa a paz e segurança na região. Este é o segundo teste realizado pela Coreia do Norte desde o início da semana.
Também a Guarda Costeira do Japão detetou os lançamentos, indicando que os misseis caíram fora da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Japão. O Ministério da Defesa em Tóquio indicou ainda que os lançamentos ocorreram às 13h38 locais (5h38 em Lisboa), adianta a televisão pública NHK.
"Estas ações ameaçam a paz e a segurança do Japão e da região e são absolutamente ultrajantes. O Governo do Japão está determinado em intensificar a vigilância para estar preparado para qualquer contingência", disse o primeiro-ministro nipónico, Yoshihide Suga, citado pela agência Associated Press.
O Governo japonês adiantou que os mísseis foram detetados nas águas entre o noroeste do Japão e a Península Coreana.
Segundo lançamento norte-coreano esta semana
Este é já o segundo teste realizado por Pyongyang nos últimos dias, sendo que é o primeiro com um míssil balístico desde março. Estes mísseis balísticos são capazes de transportar ogivas convencionais ou nucleares e são classificados de acordo com a distância que conseguem alcançar.
Em anos recentes, a Coreia do Norte já testou mísseis balísticos intercontinentais, capazes de alcançar a Europa ou mesmo os Estados Unidos. Na segunda-feira, a Coreia do Norte testou um míssil de cruzeiro de longo alcance, capaz de transportar uma ogiva nuclear e de atingir grande parte do Japão.
O novo míssil de cruzeiro de longo alcance percorreu 1.500 quilómetros e Pyongyang diz que se trata de “uma arma estratégica de grande importância”.
Depois de quase um ano de absoluto isolamento, em que até as relações comerciais com o maior aliado – a China - foram interrompidas, com o objetivo de impedir a propagação da Covid-19, a Coreia do Norte volta a procurar marcar a agenda internacional, ao mesmo tempo que o país enfrenta grandes dificuldades económicas, com sanções e escassez de alimentos.
Testes sul-coreanos
Estes lançamentos acontecem na semana em que os principais negociadores para a questão da desnuclearização se reúnem para tentar resolver o impasse, juntando responsáveis dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul.
Esta quarta-feira, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros visitou Seul para um encontro com o homólogo sul-coreano. Wang Yi sublinhou que todos os países envolvidos devem reduzir as suas atividades militares e diminuir a tensão.
A reunião decorreu poucas horas antes destes lançamentos mais recentes de Pyongyang terem sido anunciados.
“Não apenas a Coreia do Norte, mas também outros países estão a realizar atividades militares”, afirmou o chefe da diplomacia chinesa, numa referência a exercícios conjuntos de verão entre Seul e Washington. Recentemente, a própria Coreia do Sul realizou o primeiro teste para o lançamento de um míssil balístico a partir de um submarino.
A tensão tem vindo a aumentar nas últimas semanas e todos os envolvidos estarão recordados de que, ainda no mês passado, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) anunciava que a Coreia do Norte poderia ter reiniciado os trabalhos num reator capaz de produzir plutónio para armas nucleares.
(c/ agências)