Coreia do Norte lança míssil a partir do mar. Por que é preocupante?

por Alexandre Brito - RTP
Imagem disponibilizada pela Coreia do Norte do lançamento do míssil Reuters

A Coreia do Norte confirmou esta quinta-feira a realização de mais um teste com um míssil - capaz de transportar uma ogiva nuclear - que foi lançado de uma plataforma no mar. Seria mais um de uma série realizada nos últimos tempos. Só que, ao ser lançado do mar, levanta uma nova possibilidade. A Coreia do Norte poderá em breve colocar estes mísseis em submarinos.

A retórica é a mesma. Mais um teste, mais um míssil, exercício para aumentar as capacidades de defesa contra ameaças externas. Nada de novo aqui.

Para breve estão já confirmadas - até ver - novas conversações com os EUA sobre o programa nuclear do país. Lançamentos como este têm servido, da parte da Coreia do Norte, como arma para a mesa de negociações.

Mas este último teste é bem mais preocupante, uma vez que foi lançado do mar. O que significa que a Coreia do Norte poderá colocar em breve um míssil como este, que pode transportar uma ogiva nuclear, num submarino.

E ao tornar isso possível, significa que o país poderá lançar estes mísseis longe do seu território, próximo de outros.

O projétil voou cerca de 450 quilómetros e atingiu uma altitude de 910 quilómetros, antes de cair no mar do Japão, na zona exclusiva do país.

A Coreia do Norte, que confirmou o teste, disse que se trata de um míssil Pukguksong-3, disparado num ângulo vertical, e que não "teve impacto adverso na segurança dos países vizinhos".
A Coreia do Norte tem submarinos?
A Coreia do Norte tem submarinos da classe Romeo que foram construídos em 1990. De acordo com a Reuters, são submarinos com uma capacidade limitada. Têm um alcance de sete mil quilómetros e funcionam a diesel, o que os torna mais barulhentos e, por consequência, mais facilmente detetáveis.

Não deixam, no entanto, de ser submarinos com a possibilidade de realizarem uma viagem até à costa do Hawai. Só de ida, se não reabastecerem.

Tornado-os capazes de transportar um míssil, que possa ser lançado debaixo de água, a ameaça limitada que estes submarinos representavam aumenta substancialmente.

Ou seja, a Coreia do Norte pode estar a desenvolver a capacidade de lançar um míssil, a partir de um submarino, de uma zona bastante afastada do seu território. E mais próximo dos países vizinhos, ou até mesmo de território norte-americano.

Um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, em reação a esta notícia, afirmou que Pyongyang deve evitar "provocações" e permanecer focado nas negociações nucleares.

Tanto a Coreia do Norte como o Japão expressaram grande preocupação com este teste, alegando que se tratou de uma violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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