Covid-19. Cidade chinesa de Qingdao quer testar nove milhões de habitantes em cinco dias

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Várias pessoas aguardam para realizar teste para a Covid-19 em Qingdao Wang Haibin - EPA

Após a deteção de 12 novos casos no domingo, as autoridades de Qingdao, no leste da China, anunciaram esta segunda-feira que vão testar os mais de nove milhões de habitantes para a Covid-19 em apenas cinco dias. Estes são os primeiros casos confirmados após 55 dias consecutivos sem casos de infeção local na China.

A Comissão de Saúde de Qingdao informou em comunicado que foram inicialmente detetados três casos assintomáticos, que mais tarde foram confirmados como positivos.

Foram testados 377 contactos próximos dos três pacientes assintomáticos e daí resultaram nove testes positivos para o novo coronavírus, incluindo oito doentes internados no hospital de Qingdao e enfermeiros e um familiar de um paciente.

Na noite de domingo foi anunciado um total de seis casos confirmados de Covid-19 e seis assintomáticos, todos relacionados com o Hospital Municipal para Doenças Pulmonares de Qingdao, que trata pacientes infetados com Covid-19.

A confirmação destes 12 casos positivos põe, assim, fim a quase dois meses consecutivos sem infeções locais no país onde a Covid-19 teve origem, segundo os dados do Governo chinês.

Por este motivo, e por temerem uma segunda vaga da pandemia, as autoridades de Qingdao anunciaram que “toda a cidade será testada em cinco dias”, o que implica a testagem dos mais de nove milhões de habitantes. As autoridades sanitárias municipais detalharam que até à manhã desta segunda-feira, os cerca de 115.000 funcionários e pacientes dos hospitais de Qingdao que foram testados registaram resultados negativos. Os habitantes dos cinco distritos de Shinan, Shibei, Licang, Laoshan e Chengyang, onde vivem cerca de seis milhões de pessoas, serão testados nos próximos três dias.

O número de infeções diárias por Covid-19 na China continental diminuiu drasticamente desde os primeiros dias de surtos, o que contrasta fortemente com a grande maioria dos restantes países do mundo, onde o número de casos tem vindo a aumentar e as restrições têm vindo a ser ajustadas.

Os novos casos surgem sete dias após a “Golden Week”, uma semana de feriados e celebrações que impeliu milhões de chineses a viajar pelo país. De acordo com a agência Reuters, os locais turísticos foram visitados por 637 milhões de pessoas durante a semana de feriado do Dia Nacional que começou a 1 de outubro, o que corresponde a 79 por cento do total de visitas do ano passado.

Imagens mostram multidões na Grande Muralha da China sem cumprir o distanciamento social e algumas pessoas mesmo sem máscara. O Global Times afirma que Qingdao recebeu 4,47 milhões de pessoas de fora da cidade nesse período.


Créditos: Thomas Peter - Reuters

O número de novos casos assintomáticos em todo o país - que a China não contabiliza como casos confirmados - subiu de 23 para 32 a 10 de outubro, segundo anunciou a Comissão Nacional de Saúde. Não foram dados pormenores sobre onde os novos casos assintomáticos foram observados, embora tenham adiantado que 29 desses casos foram importados.
Wuhan também testou todos os habitantes
A campanha de testagem em massa em Qingdao não é a primeira a ser realizada na China. Em maio, Wuhan – o epicentro da pandemia – testou toda a sua população, também depois de terem sido detetados novos casos de infeção local. A China confirma que foram testados os 11 milhões de habitantes em apenas dez dias, apesar de outros cálculos externos estimarem que foram cerca de nove milhões.

Centenas de centros de testagem foram abertos e milhares de funcionários foram envolvidos nesta campanha, que ficou conhecida por “batalha de dez dias”.

Todos os distritos da cidade foram instruídos a elaborar o seu próprio plano para conduzir a investigação epidemiológica em dez dias, com base na densidade populacional e na existência, ou não, de um surto ativo. O plano referia que devia ser dada prioridade à população envelhecida, bem como a comunidades densamente povoadas.

Zhang Wenhong, o principal especialista em doenças infecciosas da China e chefe da equipa médica da Covid-19 de Xangai, disse na segunda-feira que, como a China tem sido relativamente bem-sucedida contenção da epidemia, Qingdao poderia alcançar zero infeções através da campanha de testes em massa.

c/agências
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