Covid-19. Vacina da AstraZeneca pode começar a ser distribuída em dezembro pela Europa

por RTP
O acordo de distribuição para a Europa é de até 400 milhões de doses. Hendrik Schmidt - Pool via Reuters

A vacina contra a Covid-19 produzida pela farmacêutica AtraZeneca e pela Universidade de Oxford poderá começar a ser distribuída pelos países europeus, incluindo Portugal, já em dezembro. Mas para que seja autorizada e distribuída, ainda tem de ser submetida a mais estudos. A AstraZeneca Portugal garantiu que a empresa tem mantido contactos regulares com as autoridades de saúde do país e das restantes nações europeias, algumas das quais estão a tentar acelerar o processo, como é o caso do Reino Unido.

A farmacêutica em Portugal já explicou que os ensaios da vacina ainda estão a decorrer e que estão a ser partilhados com a Agência Europeia do Medicamento, que avalia os dados das vacinas à medida que estes vão ficando disponíveis.

A empresa assegurou que as autoridades estão a par de toda a informação relevante e que, caso a vacina seja aprovada pelo regulador europeu, começará a ser distribuída pelos países da União Europeia já no final deste ano.

O acordo de distribuição para a Europa é de até 400 milhões de doses. A nível mundial, a AstraZeneca está preparada para produzir três mil milhões de doses da vacina.

Com a possibilidade de uma vacina eficaz cada vez mais próxima de se tornar realidade, alguns países tentam acelerar o processo de avaliação e aprovação. Um deles é o Reino Unido, que poderá vir a ser um dos primeiros a receber a vacina, caso esta seja autorizada.

O Governo britânico pediu à entidade reguladora do país que avaliasse a vacina da AstraZeneca, de modo a que esta possa ser aprovada o mais rapidamente possível. Para o Executivo de Boris Johnson, este é um “importante primeiro passo” para que a vacina seja distribuída. O mais recente pedido do Governo à agência reguladora chega cerca de uma semana depois de ter solicitado à mesma entidade que avaliasse a vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNTech.

“Pedimos formalmente ao regulador que avalie a vacina da Oxford/AstraZeneca, para que possa compreender os dados e determinar se cumpre os rigorosos padrões de segurança”, avançou o secretário britânico da Saúde, Matt Hancock.

O pedido do Governo do Reino Unido à Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde chega depois de a AstraZeneca ter avançado que a vacina, produzida em conjunto com a Universidade de Oxford, se mostrou “altamente eficaz” nos ensaios clínicos finais.

O Reino Unido já fez uma pré-encomenda de 100 milhões de doses desta vacina. Dessas, quatro milhões deverão chegar ao país até ao final do ano e 40 milhões até ao final de março de 2021.
Imprevistos na dosagem "não são razão para preocupações"
O pedido britânico acontece depois de a AstraZeneca ter avançado que iria realizar um “estudo adicional” para os resultados da eficácia da sua vacina, depois de ter revelado que houve mudanças imprevistas na dosagem no primeiro ensaio.

Um grupo de voluntários recebeu a dose completa da vacina, com um resultado de 62 por cento de eficácia, enquanto outro tomou meia dose, seguida de uma completa um mês depois, um método que demonstrou ter 90 por cento de eficácia.

A Oxford admitiu que não estava inicialmente previsto inocular meia dosagem da vacina a qualquer voluntário, mas que isso foi fruto de um erro no processo de fabricação do produto.

Assim que foi detetado que a primeira vacina tinha começado a ser inoculada com uma concentração abaixo da planeada foi decidido alterar o protocolo do estudo, de acordo com o "órgão regulador" de saúde, informou a universidade numa nota.

"Agora que descobrimos o que parece ser a fórmula mais eficaz, precisamos de a validar através de um estudo adicional", afirmou Soriot.

Apesar do imprevisto, o presidente da empresa, Pascal Soriot, disse não ser de esperar que estes novos testes atrasem a aprovação da vacina por parte das entidades reguladoras da saúde do Reino Unido e da União Europeia.

Também o Governo britânico procurou tranquilizar a população, com o ministro Robert Jenrick a garantir que não há razão para preocupações sobre os dados da AstraZeneca, uma vez que a vacina será avaliada pela entidade reguladora independente.

“Não acredito que exista qualquer razão para preocupações”, disse à estação Sky News. “Já escrevemos ao órgão regulador que irá independentemente avaliar a eficácia e a segurança da vacina. Agora temos de deixar que essa avaliação independente se realize”.

Desde que surgiu pela primeira vez, há quase um ano, o novo coronavírus espalhou-se por todo o mundo e infetou quase 61 milhões de pessoas, das quais 39 milhões conseguiram entretanto recuperar. A Covid-19 fez, até ao momento, 1,4 milhões de mortes.

c/ agências
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