Declaração de independência aprovada no Parlamento catalão

Deputados independentistas da Catalunha aprovaram esta sexta-feira uma resolução conjunta das forças políticas Junts pel Sí (JxSí) e CUP tendo em vista a declaração de independência da região face a Madrid. A votação decorreu sem a presença de boa parte dos deputados catalães.

Carlos Santos Neves - RTP /
Às portas do Parlamento regional da Catalunha, em Barcelona, a decisão dos deputados independentistas foi de imediato celebrada Yves Herman - Reuters

A proposta de resolução das formações pró-independência passou com 70 votos a favor, dez votos contra e dois em branco. Ou seja, votaram 82 dos 135 deputados que formam o Parlament.

Estiveram ausentes durante a votação secreta três grupos da oposição ao Governo regional de Carles Puigdemont: Ciutadans, PSC e o PP catalão.

Concluído o processo - antecedido da leitura da declaração de independência assinada a 10 de outubro pelos deputados do JxSí e da CUP -, ouviu-se o hino da Catalunha, Els Segadors, entre as paredes do Parlamento.

Está assim dado o passo decisivo para o início do processo constituinte de uma república catalã, independente do poder central de Madrid.No momento em que o Parlament se pronunciava, em Madrid o Senado preparava-se para votar a aplicação do artigo 155 da Constituição à Catalunha. Um pedido de Mariano Rajoy entretanto aprovado por esmagadora maioria.


Da capital espanhola saiu rapidamente a notícia da realização de um Conselho de Ministros extraordinário, a partir das 19h00, para responder ao gesto dos deputados da Catalunha.

O presidente do Governo central recorreu, por sua vez, ao Twitter para pedir “tranquilidade a todos os espanhóis”.

“O Estado de Direito restaurará a legalidade na Catalunha”, escreveu Mariano Rajoy.


A destituição de Puigdemont e dos demais membros do Governo catalão deverá ser uma das primeiras medidas a adotar na reunião extraordinária do Executivo de Rajoy.

A imprensa espanhola avançou que o Tribunal Constitucional tratará, a breve trecho, de considerar “sem efeito” a declaração de independência que acaba de receber a chancela do Parlamento catalão.
“Manter o pulso deste país”
A partir do Parlamento regional, o vice-presidente do Governo catalão tomou a palavra, antes de Carles Puigdemont, para sustentar que as autoridades regionais estão a agir “em função de valores universais”.

“Nestes momentos, gostaria de me dirigir a todos os cidadãos que estão agora a dar saltos de alegria para pedir que atuem sempre com responsabilidade, humildade e generosidade e também àqueles que tenham motivos para inquietude, legítima se assim o sentem, para assegurar que atuamos de boa-fé”, clamou Oriol Junqueras.

Falou, depois, Puigdemont: “Hoje o Parlamento do nosso país, legítimo e nascido das eleições de 27 de setembro, deu um passo largamente esperado”.

“Vêm aí horas em que nos caberá manter o pulso deste país, mantê-lo no terreno paz, do civismo e da dignidade, como sempre aconteceu e continuará a acontecer”, perspetivou o chefe do Governo catalão.

Após estas palavras, os deputados e alcaides presentes na escadaria central do Parlamento entoaram, uma vez mais, Els Segadors.
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