Defesa de Lula classifica anulação das condenações como "decisão histórica"

por Mário Aleixo - RTP
Defesa de Lula da Silva classifica de "histórica" a decisão de anular as condenações ao antigo presidente Amanda Perobelli - Reuters (arquivo)

A defesa do ex-presidente brasileiro Lula da Silva classificou como "histórica" a decisão ditada pela maioria do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve a anulação das condenações contra o antigo mandatário.

"O STF proferiu esta quinta-feira mais uma decisão histórica, que reforça o Estado de Direito, ao confirmar, por maioria de votos, a decisão proferida em 08.03.2021 pelo juiz Edson Fachin e tornar definitiva a incompetência da 13ª. Vara Federal de Curitiba para julgar os casos do ex-presidente Lula, com a consequente anulação dos atos decisórios (...), e restabelecer os seus direitos políticos", indicou a defesa em comunicado.

Consta ainda no documento, assinado pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Martins, que a decisão do Supremo "restabelece a segurança jurídica e a credibilidade do Sistema de Justiça" do Brasil.

"A incompetência da Justiça Federal de Curitiba é afirmada por nós, advogados do ex-presidente Lula, desde a primeira manifestação escrita protocolada em Curitiba, em 2016, e foi sustentada em todas as instâncias do Poder Judiciário até chegar ao Supremo Tribunal Federal", concluiu a defesa.

O STF manteve na quinta-feira a anulação das condenações ex-presidente Lula da Silva na Lava Jato de Curitiba, por corrupção, rejeitando um recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Com a rejeição do recurso, Lula da Silva volta a ser elegível e recupera os seus direitos políticos, podendo candidatar-se às presidenciais de 2022.

Por oito votos contra três, o STF decidiu retirar os processos de Luiz Inácio Lula da Silva da 13ª Vara Federal de Curitiba, mantendo a decisão já ditada em 08 de março pelo juiz do Supremo Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato no Supremo.

Próximos passos

Apesar da anulação das condenações, Lula não foi inocentado.

Na sua decisão de 8 de março, o magistrado Fachin determinou a transferência dos casos de Lula para a Justiça Federal de Brasília e mandou-os ser retomados à fase da análise da denúncia pelo novo juiz de primeira instância responsável pelo caso.

Porém, no julgamento de quinta-feira, o juiz Alexandre de Moraes discordou do envio dos processos para Brasília: "Os casos todos ocorreram em São Paulo", defendeu.

O julgamento terá continuidade no próximo dia 22 de abril, com a apreciação da suspeição do ex-juiz Sergio Moro, cuja atuação ao condenar o ex-presidente foi considerada parcial pela Segunda Secção do STF.

Lula, de 75 anos e que governou o Brasil entre 2003 e 2010, chegou a cumprir 580 dias de prisão, entre abril de 2018 e novembro de 2019 e, desde então, o ex-presidente recorria da sua sentença em liberdade condicional.

Bolsonaro critica decisão judicial

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, criticou Lula da Silva e a sua possível candidatura às presidenciais de 2022, ao comentar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou as condenações do antigo mandatário.

"Não está começando aqui a campanha para 2022, mas, pela decisão do Supremo, Lula é candidato. Façam uma comparação com os ministros do Lula e com os nossos ministros, não é? Se Lula voltar pelo voto direto, voto auditável, tudo bem. Agora, vejam qual será o futuro do Brasil com o tipo de gente que vai trazer para dentro da Presidência", afirmou Bolsonaro, na sua habitual transmissão em direto na rede social Facebook.

O atual chefe de Estado brasileiro também criticou a gestão do líder do Partido dos Trabalhadores (PT), que presidiu o país entre 2003 e 2010.

"O Brasil não quebrou no último ano, no penúltimo ano, no governo A, B ou C. O Brasil vem numa situação bastante complicada há décadas, alguns querem que eu resolva, limpe a casa sozinho de uma hora para outra. Não quero, jamais, me intitular como faxineiro do Brasil, aquele que vai resolver os problemas, o salvador da Pátria", disse.





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