O primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev anunciou esta quarta-feira a demissão do Governo numa transmissão televisiva com o Presidente Vladimir Putin sentado ao seu lado. Medvedev diz que a decisão serve para dar espaço ao líder russo de realizar as mudanças que pretende na Constituição.
O anúncio aconteceu pouco depois do discurso anual do Estado da Nação de Vladimir Putin. O Presidente russo aceitou o pedido de demissão e, ao mesmo tempo, pediu aos ministros que mantenham funções até que um novo Governo seja formado.
Esta quarta-feira, no discurso do Estado da Nação, Putin propôs a realização de uma votação nacional sobre mudanças substanciais na Constituição.
Putin pretende que a lei fundamental do país passe o poder da Presidência para o Parlamento e primeiro-ministro. A leitura que está a ser feita é que o Presidente russo pretende estender o seu poder como líder do país após a saída do Kremlin.
O atual mandato de Putin - que termina em 2024 - será o último, uma vez que, de acordo com a atual Constituição não é permitido a um Presidente mais do que dois mandatos consecutivos.
Na verdade, este é o quarto mandato de Putin como Presidente (esteve no cargo entre 2000 e 2008), uma vez que teve um interregno como primeiro-ministro, entre 2008 e 2012.
Durante esse tempo, Medvedev foi eleito Presidente da Rússia, sendo que, na prática, o homem forte continuou a ser Putin, que voltou à presidência alguns anos depois.
No discurso de hoje, Putin afirmou que, com as mudanças na Constituição, passará a ser a Duma - a Câmara baixa do Parlamento - a escolher o primeiro-ministro do país. "São mudanças sérias no sistema político", explicou.
O Presidente acrescentou referiu ainda que acredita que o Parlamento e a sociedade civil estão preparados para estas alterações. "Vai aumentar o papel e a importância do Parlamento do país, dos partidos, e a independência e responsabilidade do primeiro-ministro", completou.
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