Departamento de Estado ordena regresso de empregados ao trabalho

por Graça Andrade Ramos - RTP
A Casa Branca sob a neve, janeiro 2019 Reuters

Ao 27º dia do shutdown da Administração norte-americana, o Departamento de Estado convocou os seus empregados para regressarem ao trabalho, numa "mensagem urgente". Prometeu ainda fundos de emergência para lhes pagar os salários.

Na sua nota "urgente", o subdiretor para o pessoal, Bill Todd, sublinhou que, "como uma agência de segurança nacional, é imperativo que o Departamento de Estado cumpra a sua missão. O que fazemos melhor com embaixadas, consulados e escritórios nacionais a funcionar em pleno."

Apesar do encerramento, por falta de verbas, levar a que os salários não sejam pagos e os trabalhadores dispensados, os responsáveis do Departamento de Estado prometeram vir a pagar o devido, até para responder aos problemas financeiros que muitos empregados estão a atravessar.

Dadas "as crescentes dificuldades dos empregados causadas pela contínua falta de verbas, o departamento está a tomar medidas para disponibilizar fundos adicionais para pagar os seus salários", garantiu Bill Todd.

O Departamento de Estado acrescenta que só agora esta a fazer este esforço porque nunca os responsáveis das agências pensaram que o shutdown fosse durar tanto. Outras fontes do Departamento de Estado afirmaram à CNN que a reforma do responsável pela área contabilística, no início de janeiro de 2019, veio complicar ainda mais a situação.

Este é já o maior encerramento jamais registado dos serviços federais norte-americanos, e deve-se ao impasse entre o Presidente Donald Trump e o Congresso, quando ao financiamento da construção de um muro na fronteira sul, entre os EUA e o México. O braço de ferro impede a assinatura do Orçamento dos EUA para 2019.
Fundos oriundos de "sobras"
Num comunicado, o Departamento de Estado afirma estar a "dar o seu melhor para responder a matérias essenciais à segurança nacional dos EUA e aos objetivos diplomáticos durante esta falha contínua".

"Sendo cada vez mais claro que, dada a extensão da falha num prolongamento histórico, necessitamos das nossas equipas completas para responder à miríade de questões críticas que necessitam da liderança norte-americana em todo o mundo", acrescenta.

De acordo com uma porta-voz do Departamento de Estado, o dinheiro para os salários virá de "balanços residuais" e irá aplicar-se a escritórios que não estão já financiados. Estes "balanços" podem ser sobras de anos fiscais anteriores e foram conseguidos em coordenação com o Departamento de Tesouraria e a Casa Branca.

O porta-voz afirmou que os fundos não irão cobrir salários atrasados, os quais só serão pagos depois do Orçamento para 2019 ser aprovado, e que só serão suficientes para um período, após o qual o Congresso terá de aprovar fundos adicionais.

Até quinta-feira, e de acordo com números do Departamento de Estado, quase 23 por cento dos empregados diretos no estrangeiro e 40 por cento dos trabalhadores nos EUA, foram dispensados.

Os empregados deverão apresentar-se ao trabalho entre dias 20 e 22 de janeiro, conforme o local onde estejam colocados, sublinhou a nota do subdiretor.
FBI aflito
Também agentes do FBI admitiram sérias dificuldades nas operações em curso, devido à falta de verbas causada pelo shutdown.

"Operações estão a ser dificultadas", afirmou Tom O'Connor, presidente a Associação dos Agentes do FBI, que representa a maioria dos agentes especiais em funções na agência federal de investigação. "Consideramos que o FBI, como uma organização de segurança nacional, necessita de ser plenamente financiado", acrescenta.

A falta de verbas está a afetar, por exemplo, o pagamento a informantes, essencial para manter relações de confiança de recolha de informação e atrasos na análise de provas.

Já levou também a que um pedido de assistência num caso internacional de rapto tivesse de se negada.
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