Sydney. Autoridades classificam ataque a praia australiana como "ato terrorista"

Pelo menos 11 pessoas morreram e várias foram transportadas para os hospitais de Sydney, depois de um ataque com tiros na praia australiana de Bondi, quando se realizava uma festa judaica. As autoridades classificam o incidente como "ato terrorista".

RTP /
Foto: Izhar Khan - Reuters

Um dos atiradores foi detido, o outro terá morrido no ataque.

O chefe da polícia estadual, Mal Lanyon, classificou o ataque como "ato terrorista", pelo tipo de ação dos dois suspeitos e uso de armas semiautomáticas.

A polícia acrescentou que "vários itens suspeitos localizados nas proximidades" estavam a ser examinados por agentes especializados, incluindo um dispositivo explosivo improvisado encontrado num dos carros do suspeito.

Lanyon disse que o número de mortos no tiroteio era "fluido" e que ainda estavam a chegar feridos aos hospitais.

O serviço de ambulâncias de Nova Gales do Sul confirmou à televisão ABC que, pelo menos várias pessoas foram transportadas para seis centros hospitalares da região.

Imagens aparentemente filmadas por um membro do público e transmitidas pelos canais de televisão australianos mostraram alguém aparentemente derrubando e desarmando um dos atiradores. 

O primeiro-ministro Anthony Albanese classificou o incidente como "chocante e angustiante", acrescentando que "equipas de emergência estão no local a trabalhar para salvar vidas".

Parte da praia era palco de uma celebração da festa judaica de Hanukkah, que começa este domingo. 

Netanyahu lança acusações contra o Governo australiano

Embora as autoridades australianas ainda não tenham feito qualquer conexão com o sucedido, o presidente de Israel, Isaac Herzog, denunciou um "vil ataque terrorista contra os judeus que estavam a acender as primeiras velas" da festa religiosa.

"O nosso coração está com eles. O coração de toda a nação de Israel bate forte neste preciso momento, enquanto rezamos pela recuperação dos feridos, rezamos por eles e rezamos por aqueles que perderam a vida", afirmou num comunicado oficial.

"Reiteramos o nosso alerta repetidamente ao governo australiano para que aja e lute contra a enorme onda de antissemitismo que assola a sociedade australiana", acrescentou ainda.

Já o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou o Governo australiano de ter "lançado achas na fogueira do antissemitismo" no país.

"Há três meses, escrevi ao primeiro-ministro australiano para lhe dizer que a sua política estava a atirar achas para a fogueira do antissemitismo", disse Netanyahu, referindo-se a uma carta enviada a Anthony Albanese em agosto, após o anúncio de Camberra de reconhecer um Estado palestiniano. 

Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, disse, na plataforma X, estar "consternado" e também considerou que "estas são as consequências da onda de antissemitismo que varreu as ruas da Austrália nos últimos dois anos".

"O Governo australiano, que recebeu inúmeros sinais de alerta, tem de se recompor"
, insistiu.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, também reagiu ao ataque.

"Fiquei horrorizada ao ver as imagens do terrível ataque a tantas pessoas na praia de Bondi, no início das celebrações do Hanukkah", indicou na sua conta no X.

"Todos os meus pensamentos estão com as vítimas e com a comunidade judaica em geral na Austrália e além", acrescentou.

O ataque ocorreu quase exatamente 11 anos depois de um atirador solitário ter feito 18 pessoas reféns no Lindt Cafe, em Sydney. Dois reféns e o atirador foram mortos após um impasse de 16 horas.

Localizada a leste de Sydney, Bondi é a praia mais famosa da Austrália e atrai um grande número de turistas, surfistas e nadadores, especialmente durante os fins de semana.

Mortes em tiroteios em massa são extremamente raras na Austrália. Um massacre em 1996 na cidade de Port Arthur, na Tasmânia, onde um atirador solitário matou 35 pessoas, levou o governo a endurecer drasticamente as leis sobre armas e tornou muito mais difícil para os australianos adquirirem armas de fogo.

c/ agências 

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