Documentos oficiais sobre morte de John F. Kennedy tornados públicos

por Inês Geraldo - RTP
John F. Kennedy na Sala Oval durante a crise dos mísseis de Cuba, em 1962 Reuters

Um dos episódios mais controversos na história mundial tem novos desenvolvimentos. A morte de John F. Kennedy após um tiro certeiro de Lee Harvey Oswald tem dado aso a inúmeras teorias e, passado mais de meio século, Donald Trump anunciou que o remanescente dos documentos sobre a morte de um dos presidentes americanos mais adorados vai ser tornado público. A CIA contesta com medo da exposição de alguns agente que ainda possam estar em atividade.

A 22 de novembro de 1963, John F. Kennedy foi assassinado com um tiro de Lee Harvey Oswald. Passados perto de 54 anos, Donald Trump revelou que muitos documentos secretos sobre a morte do líder americano vêm agora a público.

São quase três mil documentos que foram guardados da opinião pública e que vão agora ser divulgados, aos quais se juntam as versões completas de relatórios que vieram a público de forma parcial. O restante vai permanecer secreto, acabou por anunciar o Presidente, contrariando expectativas.

Trump deu às agências governamentais 180 dias para rever os documentos ainda retidos e justificar porque é que alguns, ou todos, deverão permanecer secretos.

Apesar de muitos americanos esperarem uma resposta cabal ao que aconteceu em Dallas no ano de 1963, vários especialistas apontam que será pouco provável que a libertação de novos documentos traga novos e esclarecedores detalhes sobre um dos assassinatos mais célebres da história.

De acordo com Patrick Maney, professor de história da Universidade Boston, os muitos estudos realizados sobre o acontecimento apontam que Lee Harvey Oswald atuou sozinho mas indica também que a maioria dos seus estudantes e dos americanos não acreditam que Oswald tenha sido um ‘lobo solitário’.

“É complicado aceitarmos que uma pessoa solitária, um falhado, pudesse ter atuado sozinho e assassinado Kennedy, mudando o curso da história. Mas é para aí que as provas apontam”, afirma Maney.

Os meios de comunicação social norte-americanos apontam ainda que os documentos que vão ser tornado públicos deverão focar-se sobre a atuação dos serviços de informação na tentativa de provar uma conexão de Lee Harvey Oswald com espiões cubanos e da antiga União Soviética, depois de uma viagem realizada pelo mesmo à Cidade do México, em setembro de 1963.
As razões de Donald Trump
Guardados no Arquivo Nacional de Washington, os documentos oficiais da morte de John F. Kennedy têm sido alvo de muita curiosidade, principalmente de americanos que querem respostas ao que aconteceu a 22 de novembro de 1963, na cidade de Dallas.

Com muitas teorias da conspiração envolvidas num dos episódios mais célebres da história mundial, foi no ano de 1992 que foi aprovada uma lei que impôs a divulgação de todos os documentos existentes sobre a morte de Kennedy, mantendo uma parte em sigilo até 26 de outubro de 2017.

Chegados a essa data, o presidente do Executivo norte-americano anunciou que os documentos que permanecem secretos vêm a público. A imprensa norte-americana defende que só poderia ser Donald Trump a anunciar tal medida, já que na sua vida política tem enveredado por várias teorias da conspiração.


Foto: John F. Kennedy e Jackie Kennedy em cerimónias oficias - Handout - Reuters

Os media americanos relembraram um episódio da campanha presidencial em que Trump acusou o pai de Ted Cruz, um dos seus rivais republicanos, de estar envolvido no assassinato de John F. Kennedy.

Michael Beschloss, um historiador norte-americano, explicou que Trump, ao contrário dos seus antecessores, está aberto a criar uma guerra com os serviços de informação norte-americanos, divulgando documentos que possam ridicularizar a sua ação.

“De todos os presidentes desde 1963, este é aquele que menos se importaria se a divulgação destes documentos prejudicassem a CIA e o FBI, duas organizações com as quais ele está chateado no momento”, declarou Beschloss.
Os receios da CIA
Com o anúncio de Donald Trump, o jornal Político avançou, de acordo com fontes da administração da Casa Branca, que a CIA está a pressionar o presidente norte-americano a não aprovar a medida que coloca a nu toda a documentação da morte de John F. Kennedy.

A publicação norte-americana escreveu que há medo por parte da Agência de Inteligência que, com a divulgação de documentos dos anos 90, se dê a exposição agentes que ainda se encontrem em atividade.

Donald Trump optou por não mandar publicar todos os documentos, mantendo uma parte ainda secreta, por razões de segurança. Autorizou a publicação de apenas 2.800.
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