Dois ex-chefes militares guineenses estão sem segurança pessoal - Advogados

por Lusa

Os advogados de Zamara Induta, ex-chefe das Forças Armadas guineenses, e de Bubo Na Tchuto, ex-chefe da Armada, denunciaram hoje que o Estado lhes mandou retirar a segurança pessoal e que ambos estão expostos "a todos os riscos".

A denúncia dos advogados Marcelino Ntupé e Victor Mbana foi feita na residência do vice-almirante Zamora Induta, onde aquele se encontrava ao lado do contra-almirante Bubo Na Tchuto, ambos militares na reserva, mas que não podem falar, "de acordo com as regras militares", referiram os advogados.

De acordo com Victor Mbana, a conferência de imprensa de hoje serviu para denunciar que os dois militares estão expostos "a todos os riscos" uma vez que o seu corpo de segurança, a que têm direito por lei, foi-lhes retirado.

"É do conhecimento público que essas pessoas que exerceram funções de alta responsabilidade neste país, nesta altura devíamos estar a homenageá-las, louvá-las por tudo o que fizeram por este país e é do conhecimento público também que recentemente o Estado mandou retirar-lhes segurança a que têm direito pelas altas funções que desempenharam, mas mesmo deixando de exercer, pela patente, ainda o Estado tem a obrigação de assegurá-los", defendeu.

O advogado responsabiliza o Ministério do Interior pela situação, esclarecendo que a ordem de retirada dos agentes da Guarda Nacional que dava segurança a Induta e Na Tchuto partiu daquela instituição.

Victor Mbana disse ser estranho que os dois oficiais generais tenham tido seguranças fornecidos pelo Ministério do Interior, quando, notou, por norma devem ser militares.

O advogado considerou também estranho o facto de Zamora Induta e Bubo Na Tchuto terem sido chamados "numa espécie de audição" nos serviços de Inteligência Militar, por, alegadamente, terem participado numa reunião com políticos na aldeia de Patche Yala, no norte da Guiné-Bissau.

Os advogados de Induta e Na Tchuto não querem admitir que ambos estejam a ser alvo de perseguição, mas não reconhecem competência aos serviços de Inteligência Militar para os ouvir, "por não ser instância judicial" e ainda, realçaram, "não existe qualquer processo contra os dois".

A comunicação social guineense relatou recentemente que os dois oficiais militares teriam participado numa reunião com alguns dirigentes políticos, alegadamente com a finalidade de constituir uma nova maioria no parlamento e que levaria ao derrube do atual Governo.

Victor Mbana disse que também é levado a pensar que a convocação de Induta e Na Tchuto pelos serviços da Inteligência Militar como a sua retirada do corpo de segurança está relacionada com "o que se diz".

"Supostamente estaria ligada à questão que está a pairar nas redes sociais, uma alegada reunião que houve em Patche Yala, mas isso a fonte seria a partir da imprensa também, desde logo não há matéria", referiu.

Para o advogado, mesmo que ambos tenham estado na alegada reunião, "não podem ser considerados suspeitos de nada e mesmo que fossem", lembrou que a Constituição da Guiné-Bissau diz que "só quando o processo, uma decisão transitar em julgado, é que se aplicam medidas".

Os advogados de Zamora Indura e Bubo Na Tchuto esperam que o Estado guineense mande repor o corpo de segurança de ambos, nas próximas horas.

A Lusa contactou o Ministério do Interior, mas não obteve resposta.

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