Donald Trump promete "grandes decisões" sobre Síria em 48 horas

por Christopher Marques - RTP
Do lado de Moscovo, Vladimir Putin condenou as “especulações” que classifica de “inadmissíveis” sobre o alegado ataque químico de Douma Kevin Lamarque - Reuters

O Presidente dos Estados Unidos afirmou esta segunda-feira que anunciará “grandes decisões” sobre a Síria nas próximas 48 horas. Donald Trump condenou o alegado ataque químico do passado fim de semana e garantiu que “não podemos permitir atrocidades como estas”. O líder norte-americano diz que todas as opções estão em aberto.

Depois de uma primeira reação no Twitter em que chamou “animal” a Bashar al-Assad, Donald Trump falou esta segunda-feira publicamente sobre o alegado ataque químico levado a cabo pelo regime sírio. O Presidente dos Estados Unidos mostrou-se consternado e prometeu agir num prazo máximo de 48 horas.

“Vamos reunir-nos com os responsáveis militares e tomaremos grandes decisões dentro de 24 a 48 horas”, começou por afirmar. Acrescentou depois que uma decisão poderia ainda ser “anunciada até ao fim do dia”.

Questionado sobre o eventual envolvimento da Rússia neste ataque, Donald Trump admitiu que Vladimir Putin possa também ser responsável. “Pode ser. E se for, vai ser duro. Muito duro”, afirmou, em referência à resposta que os Estados Unidos preparam para esse cenário. Trump garantiu que “toda a gente vai pagar o preço”. “Irá ele e irá toda a gente”, insistiu, ainda em referência ao Presidente russo.

Esta reação de Donald Trump surge depois de uma organização não governamental ter denunciado que mais de 40 pessoas morreram na sequência de um ataque com “gases tóxicos” em Douma, um dos últimos redutos rebeldes em território sírio. A mesma entidade denuncia que mais de 500 pessoas tiveram de receber assistência médica.

“Ficamos muito preocupados quando uma coisa destas pode acontecer. Isto é sobre humanidade. Estamos a falar de humanidade. Não se pode permitir que aconteça algo assim”, afirmou Donald Trump.

Esta não é a primeira vez que Donald Trump é confrontado com denúncias de terem sido realizados ataques químicos em território sírio. Em 2017, na sequência de um outro ataque imputado ao regime de Bashar al-Assad, Donald Trump tinha mandado bombardear uma base militar síria. O secretário norte-americano da Defesa não exclui eventuais ataques aéreos contra o regime sírio.
EUA culpa Irão e Rússia

Este ataque ocorre uma semana depois de Donald Trump ter anunciado que prepara a saída das tropas norte-americanas da Síria. Questionado sobre o assunto, Donald Trump insistiu que seria tomada uma decisão em breve. Por sua vez, a sua porta-voz disse que o Presidente mantém a intenção de retirar o contingente norte-americano em território sírio.

Sarah Sanders disse ainda que Donald Trump responsabilizou a Rússia e o Irão pelo ataque porque “a ofensiva não seria possível sem a ajuda material deles”.

A porta-voz da Casa Branca recusou ainda que Washington tenha tido qualquer intervenção no ataque desta segunda-feira contra uma base síria, usada por russos e iranianos, em Tiyas.

O ataque provocou a morte de pelo menos 14 combatentes, três dos quais eram iranianos. A Síria e a Rússia responsabilizam Israel. Damasco insiste ainda que este ataque não era possível sem ter sido autorizado pelos Estados Unidos.

Do lado de Moscovo, Vladimir Putin condenou as “especulações” que classifica de “inadmissíveis” sobre o alegado ataque químico de Douma. O Presidente russo defende que é preciso investigar “de forma muito minuciosa” o que aconteceu em Douma.

O tema voltou esta segunda-feira à mesa do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Segundo a France Presse, os Estados Unidos prepararam um projeto de resolução que defende a criação de um “mecanismo de investigação independente” sobre o uso de armas químicas na Síria com um mandato de um ano que poderia depois ser renovado. Atualmente, as Nações Unidas não têm qualquer organismo para investigar o uso de armas químicas na Síria.

Até 2017, as Nações Unidas participavam no chamado Mecanismo de Investigação Conjunto (JIM), uma entidade que agrupava a ONU e a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) mas cujo mandato não foi renovado devido à oposição de Moscovo.

Moscovo reafirmou que não houve qualquer ataque químico e garantiu que haverá “graves repercussões” caso o regime sírio seja atacado.
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