Síria denuncia ataque de Israel antes da reunião do Conselho de Segurança

por Christopher Marques - RTP
Brendan McDermid - Reuters

Moscovo e Damasco acusam Israel de atacar uma base militar síria onde se encontram tropas iranianas e russas. Este novo incidente ocorre depois de Paris e Washington terem acusado a Síria de levar a cabo um ataque químico em Douma. Damasco desmente e Moscovo responde que não há provas e que é cedo para tirar conclusões. O Conselho de Segurança reúne-se esta segunda-feira.

A reunião do Conselho de Segurança das Nações ocorre num novo momento de forte tensão internacional com o conflito sírio como epicentro. As potências ocidentais acusam o regime sírio de ter levado a cabo, no passado fim de semana, um ataque com armas químicas na cidade síria de Douma, perto de Damasco.

A organização não-governamental Syrian American Medical Society afirma que mais de 40 pessoas morreram na sequência deste ataque com “gases tóxicos” naquele que é um dos últimos redutos rebeldes em território sírio. A mesma entidade denuncia que mais de 500 pessoas tiveram de receber assistência médica.

Washington e Paris não têm dúvidas que ocorreu um ataque químico e responsabilizam Damasco e Moscovo pelo mesmo. “A primeira coisa que temos de investigar é por que motivo continuam a ser utilizadas armas químicas quando a Rússia deveria ter garantido a destruição de todas as armas químicas”, afirmou o secretário norte-americano da Defesa.

Moscovo respondeu que não tem indicações que um ataque químico tenha ocorrido.“Os nossos especialistas visitaram o local, acompanhados por representantes do Crescente Vermelho Sírio e não encontraram qualquer vestígio do uso de cloro ou de qualquer outra substância química contra civis”, sublinhou o chefe da diplomacia russa.

O tema estará esta segunda-feira à mesa do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Segundo a France Presse, os Estados Unidos preparam um projeto de resolução que defende a criação de um “mecanismo de investigação independente” sobre o uso de armas químicas na Síria com um mandato de um ano que poderia depois ser renovado. Atualmente, as Nações Unidas não têm qualquer organismo para investigar o uso de armas químicas na Síria.

Até 2017, as Nações Unidas participavam no chamado Mecanismo de Investigação Conjunto (JIM), uma entidade que agrupava a ONU e a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) mas cujo mandato não foi renovado devido à oposição de Moscovo. A reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas tem início marcado para as 21h00 (hora de Lisboa).

Para já, França e os Estados Unidos prometem uma “resposta forte” a este alegado ataque com armas químicas em Douma. Em 2017, na sequência de um outro ataque químico imputado ao regime de Bashar al-Assad, Donald Trump tinha mandado bombardear uma base militar síria.
Ataque à base de Tiyas
Precisamente esta manhã, uma base militar síria foi alvo de bombardeamentos. A base em causa encontra-se localizada no centro da Síria, sendo usada como abrigo por tropas iranianas e russas, ambas aliadas de Damasco. A Síria começou por acusar os Estados Unidos de serem responsáveis pelo ataque, mas a acusação foi rapidamente negada pelo Pentágono.

O regime de Damasco e Moscovo acusam agora Israel de ter realizado este ataque que provocou a morte a pelo menos 14 combatentes, entre os quais se encontram militares sírios e iranianos.

Telavive recusa comentar este ataque. No passado mês de fevereiro, Israel tinha já atacado esta mesma infraestrutura militar, alegando que é uma base iraniana que tinha sido usada para enviar um drone em direção ao Estado hebraico. Oficialmente, Israel e a Síria encontram-se em guerra. O Irão é também considerado um inimigo por Israel.
pub