O presidente dos Estados Unidos da América assinou esta terça-feira um memorando presidencial que, entre outras coisas, ordena ao secretário do Tesouro dos EUA que imponha "pressão económica máxima" ao Irão, incluindo sanções e mecanismos de aplicação daqueles que violam as sanções existentes.
Numa alocução a partir da Sala Oval, na Casa Branca, Trump afirmou que o Irão não pode ter uma arma nuclear e que os EUA têm todo o direito de impedir a venda de petróleo iraniano a outras nações.
Ao assinar o memorando, o presidente norte-americano descreveu-o como muito duro e assumiu estar dividido sobre o regresso da "pressão máxima", referindo esperar que seja possível chegar a um acordo com Teerão.
Donald Trump afirmou que estaria disposto a reunir-se com o homólogo iraniano.
O memorando foi assinado momentos antes do encontro entre Trump e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que está de visita aos Estados Unidos num clima de tensões agravadas regionais devido às guerras em Gaza e no Líbano.
O objetivo da política de "pressão máxima" é impedir Teerão de obter uma arma nuclear, reduzindo as suas exportações de petróleo a zero, referiram durante o dia altos responsáveis norte-americanos, afirmando ainda que o embaixador dos EUA nas Nações Unidas irá trabalhar com aliados importantes para "concluir o regresso das sanções e restrições internacionais ao Irão".
Hipótese avançada já pelo Reino Unido, França e Alemanha, em carta enviada pelos seus embaixadores na ONU ao Conselho de Segurança, a 6 de dezembro de 2024.
Nela, ao afirmarem "a determinação para usar todos os instrumentos diplomáticos para evitar que o Irão adquira a arma nuclear", os mesmos países admitiam "se necessário", o regresso das sanções, levantadas em 2015 em troca do compromisso iraniano em desistir de enriquecer urânio a níveis de armamento.
"O Irão deve desescalar o seu programa nuclear para criar o ambiente político capaz de levar a progressos tangíveis e uma solução negociada", afirmaram os embaixadores.
Teerão tem reiterado a natureza pacífica do programa mas os países ocidentais sublinharam na mesma missiva que nenhum programa nuclear civil necessita de urânio enriquecido capazes de produzir armas e que nenhum outro país o fez sem produzir bombas.
O embaixador do Irão na ONU, Amir Saeid Iravani, reagiu à carta, afirmando que invocar o "retrocesso" a 2015 e reimpor as sanções a Teerão seria "ilegal e contraproducente".
Perigo nuclear
No mês de janeiro, em Davos, no Fórum Económico Mundial, o chefe do organismo de vigilância nuclear da ONU, Rafael Grossi, disse contudo que o Irão tem vindo a "acelerar" no seu enriquecimento de urânio próximo do grau de armamento, de 90 por cento.
O regime iranano dos ayatollahs prometeu destruir o Estado de Israel, usando diversos meios incluindo milícias armadas. O agravamento da ameaça pode levar Israel a realizar um ataque preventivo às instalações nucleares iranianas, com um impacto regional impossível de prever.
O retrocesso às sanções de 2015 é possível até a 18 de outubro do próximo ano, quando expirar a resolução da ONU de 2015, que consagrou o acordo sobre o programa nuclear do Irão.
Este acordou então com a Grã-Bretanha, Alemanha, França, Estados Unidos, Rússia e China, o levantamento das sanções a Teerão em troca de restrições ao seu programa nuclear.
Donald Trump retirou em 2018 os Estados Unidos deste acordo internacional, acusando Teerão de violar os termos e de estar a prosseguir com o enriquecimento de urânio. Impôs a política de pressão máxima procurando, através de sanções duras à exportação de petróleo, estrangular a economia do Irão e forçar o país a negociar um acordo em detrimento dos seus programas de armas nucleares e balísticas.
Apesar de não ter afrouxado materialmente as sanções, a Administração Biden, que se seguiu à primeira de Trump, não terá sido tão rigorosa na sua imposição, algo que Trump quer agora reverter.
Durante a campanha eleitoral, o novo presidente afirmou que esta política de Biden enfraqueceu Washington e encorajou Teerão, permitindo-lhe vender petróleo, acumular dinheiro e expandir as suas actividades nucleares e influência através de milícias armadas.
De acordo com as estimativas da Administração de Informação sobre Energia dos EUA, em 2023, renderam 53 mil milhões de dólares e 54 mil milhões de dólares um ano antes. Em 2024, as exportações de petróleo iranianas atingiram o nível mais alto desde 2018, com base em dados da OPEP.