Donald Trump sugere invasão norte-americana na Venezuela

por RTP
Fonte anónima afirmou que a questão, para além de mencionada em público, tinha sido discutida na Sala Oval Yuri Gripas - Reuters

O Presidente dos Estados Unidos sugeriu invadir a Venezuela de forma a controlar a situação precária do país. A ideia, proposta durante uma reunião na Sala Oval em agosto do ano passado, espantou os presentes.

Face à deterioração do contexto económico e social vivido na Venezuela, o Governo norte-americano realizou uma reunião na Casa Branca a 10 de agosto do ano passado. O objetivo desse encontro passava por discutir o risco de instabilidade regional do país, bem como um eventual reforço das sanções contra os seus dirigentes.

Os assuntos debatidos nessa reunião vieram a público nesta quarta-feira, depois de um oficial administrativo da Casa Branca ter prestado declarações, em anonimato, à Associated Press (AP).

Nesse encontro, Donald Trump questionou se não podiam invadir a Venezuela e depor Nicolás Maduro. A pergunta deixou os responsáveis administrativos chocados, incluindo o secretário de Estado, Rex Tillerson e o conselheiro de Segurança de Nacional, H.R. McMaster. Entretanto, ambos deixaram a Administração.

Em conjunto com os presentes, McMaster explicou a Trump que se arriscavam a perder o apoio dos Governos da América Latina, caso procedessem a uma ação militar na Venezuela. No entanto, o argumento não foi suficiente para demover o Presidente.

Donald Trump enumerou de seguida exemplos de situações semelhantes que, no seu entender, tinham tido sucesso, como a invasão do Panamá e de Granada (Caraíbas), nos anos 80 do século XX.
“O meu staff disse-me para não falar disto”
No dia seguinte, Trump anunciou publicamente que “tinham muitas opções para a Venezuela, incluindo a possibilidade de uma opção militar, caso seja necessário”.

Pouco tempo depois colocou a mesma questão ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, de acordo com a fonte anónima da AP.

Em setembro, Trump voltou a insistir no assunto, desta vez num jantar privado com os Estados latino-americanos que são aliados de Washington.

Apesar de ter sido aconselhado para não mencionar o tema, a primeira coisa que o Presidente disse no jantar foi: “o meu staff disse-me para não falar disto”.

De seguida perguntou a todos os presentes se tinham a certeza de não querer uma solução militar para a Venezuela.

Todos os líderes américo-latinos declararam claramente que tinham a certeza de não querer essa solução, de acordo com a fonte anónima da AP.

A Casa Branca recusou comentar as conversações privadas agora vindas a público. No entanto, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional declarou à AP que os Estados Unidos continuam a considerar todas as opções disponíveis para restaurar a democracia Venezuelana e trazer estabilidade ao país. 

Nicolás Maduro assumiu a presidência da Venezuela em 2013. Desde então, o país tem os níveis de inflação fora de controlo. Cerca de 90 por cento da população vive na pobreza e, no ano passado, os venezuelanos perderam em média 11 quilos de massa corporal. Os dados são de um estudo universitário, noticiado pela Reuters em fevereiro deste ano.

Para além disso, segundo reporta o Libération, o setor petrolífero, essencial para a Venezuela, encontra-se em forte declínio.
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