Cerca de 100 mil golfinhos e pequenos cetáceos são mortos por ano em todo o mundo. Para além de consumo próprio, a carne de golfinho serve também como isco para a caça de tubarões. O Perú ocupa o primeiro lugar na lista dos principais países caçadores de golfinhos.
Segundo o estudo, cerca de 100 mil golfinhos e pequenos cetáceos são mortos por ano. Os números são alarmantes e surpreendentes para os investigadores das organizações. Não só esperavam um número mais reduzido, como não previam que a lista de países que praticam a caça aos pequenos mamíferos marinhos fosse tão longa.
Os golfinhos e pequenos cetáceos, ao contrário das baleias, não se encontram protegidos pela Comissão Baleeira Internacional, responsável pelo controlo da prática da caça à baleia e pela proteção das espécies. Por sua vez, a carne de golfinho é utilizada para consumo humano ou como isco para a pesca de tubarão, atum e piracatinga.
O Japão foi onde a caça de golfinhos se reduziu mais drasticamente. Desde 2000, o número de mamíferos marinhos mortos passou de cerca de 18.300 para 2.300 atualmente. O Japão ocupa, assim, o décimo lugar da lista.
Métodos de caça violentos
Os números são alarmantes, mas o que mais impressiona as organizações e ativistas dos direitos dos animais são os métodos de caça utilizados considerados “cruéis”. O sofrimento dos golfinhos é o principal motivo de condenação.
Os pequenos mamíferos marinhos são cercados por barcos e redes e posteriormente mortos com arpões, facas ou até mesmo dinamite, deixando um rasto de sangue que pinta o mar de vermelho. “O número de métodos [de caça] aumentou”, afirma Sandra Altherr, bióloga e cofundadora da Pro Wildlife.
Pescadores em Taiji cercam os golfinhos antes de os abaterem.
Reuters
A cidade de Taiji, no Japão, é conhecida por ser um dos locais onde a prática acontece em grande escala. Todos os anos, os pescadores de Taiji matam centenas de golfinhos e outras dezenas são vendidos para parques aquáticos. A cidade japonesa e a sua caça anual ficaram sob os holofotes internacionais depois do lançamento do documentário “The Cove”, vencedor de um óscar, que retrata o massacre e caça de golfinhos em Taiji.
“Estes golfinhos são agredidos e empurrados para a baía da matança, onde já chegam com múltiplos ferimentos. Os assassinos passam propositadamente por cima dos animais com os barcos, agridem-nos, prendem-nos em redes para que não possam fugir e só depois os matam”, conta Melissa Sehgal, ativista do Sea Shepherd (organização americana focada na conservação dos seres marinhos), em declarações à Reuters.A caça de golfinhos aumentou consideravelmente em vários países da América Latina, África e Ásia
Habitantes da pequena comunidade japonesa, Taiji, quebraram o silêncio e responderam ao documentário “The Cave”. Em declarações ao The Guardian, os residentes locais defendem a captura de cetáceos pelo seu valor tradicional e como parte da sua cultura gastronómica.
“Nós não podíamos plantar arroz ou legumes aqui e não tínhamos abastecimento de água natural. Precisávamos de matar baleias para comer e centenas de pessoas morreram a fazer isso. Este foi um lugar em que era muito difícil sobreviver e sempre estaremos gratos aos nossos antepassados pelo seu sacrifício”, afirma Kazutaka Sangen, presidente de Taiji.
“Não temos vergonha de caçar golfinhos e nunca consideraríamos parar. É a parte mais importante da nossa tradição local”, defende Yoshifumi Kai, funcionário da cooperativa de pesca de Taiji.
“Olhe à sua volta…se não vivêssemos do mar não restaria mais nada. As pessoas dizem-nos constantemente para pararmos de caçar mamíferos marinhos e encontrar outra maneira de sobreviver. Mas o que faríamos em vez disso?”, acrescenta Kai.
O Japão não demonstra intenções de parar com a caça de cetáceo, argumentando que não existe nenhum acordo internacional que proíba a caça de golfinhos e que os animais não estão sob ameaça.