Embaixador israelita diz que Bernie Sanders "prejudica a segurança de Israel e dos EUA"

por RTP
O candidato democrata ameaçou que Israel terá de "mudar fundamentalmente" a sua política em Gaza se quiser continuar a receber ajuda militar Mike Segar - Reuters

Danny Danon, embaixador israelita na Organização das Nações Unidas (ONU), atacou o senador e candidato democrata às presidenciais norte-americanas Bernie Sanders pelos seus recentes comentários sobre a ajuda militar dos EUA a Israel. Na opinião de Danon, Sanders "prejudica a segurança de Israel e dos EUA".

Num discurso no domingo à noite em Nova Iorque durante uma gala da Organização Sionista da América, o representante israelita nas Nações Unidas afirmou que Bernie Sanders “está a sugerir dar menos assistência militar ao aliado mais importante dos Estados Unidos no Médio Oriente para poder dar ao Hamas, uma organização terrorista que comemorou a tragédia de 11 de setembro”.

“Deixem-me assegurar-vos meus amigos, nós nunca vamos deixar que isto aconteça”, garantiu Danny Danon. “Nós vamos lutar contra estas vozes radicais”, continuou a asseverar o embaixador israelita na ONU.

As críticas de Danny Danon são uma resposta aos comentários que têm sido feitos por Bernie Sanders, sugerindo que os EUA condicionem a ajuda prestada a Israel e que possam mesmo dar algum auxílio aos palestinianos. No final de outubro, o candidato democrata afirmou que Israel terá de “mudar fundamentalmente” a sua política em Gaza se quiser continuar a receber ajuda militar.

Durante um discurso numa conferência em Washington, Bernie Sanders argumentou que os 3,8 mil milhões de dólares que são fornecidos em ajuda militar dão direito a exigir “que o governo israelita se sente com os palestinianos e negoceiem um acordo”.

“3,8 mil milhões de dólares é muito dinheiro e não podemos dar carta branca ao governo israelita ou a qualquer governo. Temos o direito de exigir respeito pelos direitos humanos e pela democracia”, sustentou o senador, sublinhando que “o que está a acontecer em Gaza é absolutamente desumano e inaceitável”.

Para Danny Danon, estes comentários “prejudicam a segurança de Israel e dos EUA”.

“Talvez o senhor Sanders não tenha ouvido falar de Israel a sair de Gaza em 2005”, disse o embaixador. “Provavelmente não teve oportunidade de visitar a passagem de Kerem Shalom, onde centenas de camiões passam diariamente para fornecer ajuda humanitária a Gaza”, continuou a argumentar Danon.
Falso cessar-fogo
Na passada terça-feira, Israel realizou dois ataques que visaram líderes da organização da resistência palestiniana Jihad islâmica. A operação culminou com a morte de Baha Abu al-Ata, um alto comandante da Jihad Islâmica.

O movimento islâmico respondeu a estes ataques com o lançamento de “rockets” contra o território israelita, com projéteis a alcançar Telavive. O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, admitiu o regresso de uma política de assassínios seletivos, considerando que deve ser encarada como um aviso para todos os militantes palestinianos na Faixa de Gaza.

Depois de dois dias de confrontos que causaram 34 mortos, a Jihad Islâmica e Israel acordaram um cessar-fogo que entrou em vigor na manhã de quinta-feira. Apesar deste acordo, a força aérea israelita voltou a bombardear a Faixa de Gaza um dia depois.

De acordo com o exército israelita, estas novas operações não têm como alvo as posições da Jihad islâmica, mas sim do Hamas, o movimento islâmico que controla Gaza.

Apesar de, inicialmente, o Hamas ter ficado à margem dos confrontos, o movimento islâmico condenou a operação israelita, considerando que Israel cruzou a “linha vermelha” e que teria de arcar com “todas as consequências desta escalada de violência”. O Hamas sublinhou que a morte de Al-Atta “não ficará impune”.
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