Entrevista à RTP. Paulo Rangel quer solução de dois Estados para Israel e Palestina
O ministro dos Negócios Estrangeiros, que termina esta quarta-feira uma visita ao Médio Oriente, defendeu uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano. Em entrevista à RTP em Telavive esta terça-feira, Paulo Rangel considerou, no entanto, não ser útil que Portugal reconheça, para já, o Estado da Palestina, como têm vindo a fazer vários países europeus.
Questionado pelo enviado especial da RTP ao Médio Oriente, José Manuel Rosendo, sobre as intenções do presidente norte-americano, Donald Trump, de deslocar permanentemente os palestinianos de Gaza, passando os Estados Unidos a tomar o controlo do território, Paulo Rangel mostrou-se contra.
“É do interesse dos Estados Unidos que o cessar-fogo se cumpra. Aliás, de alguma maneira a nova Administração, embora ainda não estivesse em funções, foi determinante para que o plano de cessar-fogo avançasse”, considerou o ministro.
No entanto, acerca do futuro da região, “a posição de Portugal é muito clara”.
Jornalista: José Manuel Rosendo | Imagem: Rodrigo Lobo
“É do interesse dos Estados Unidos que o cessar-fogo se cumpra. Aliás, de alguma maneira a nova Administração, embora ainda não estivesse em funções, foi determinante para que o plano de cessar-fogo avançasse”, considerou o ministro.
No entanto, acerca do futuro da região, “a posição de Portugal é muito clara”.
Jornalista: José Manuel Rosendo | Imagem: Rodrigo Lobo
“É a posição dos dois Estados, a ideia de que o cessar-fogo é o caminho” para tal, prosseguiu. “E por isso nós estamos tão empenhados em, juntamente com outros parceiros, fazermos pedagogia no sentido de que ele seja cumprido”.
“É o caminho para essa via de pacificação, de estabilização, que demorará tempo e que poderia levar depois a que a Autoridade Palestiniana viesse para a Faixa de Gaza liderar as operações de reconstrução”, defendeu Rangel. “O Hamas é uma entidade terrorista que não pode ser um interlocutor em fase alguma”, defendeu Paulo Rangel na entrevista à RTP.
O ministro português dos Negócios Estrangeiros disse ainda que, no seu encontro com o homólogo israelita, “ninguém exclui a solução dos dois Estados”, tendo até sido “mencionada”.
“Não penso que tenha sido com a confiança” que Portugal ambiciona, “mas esse é o nosso trabalho (…), trazer de novo Israel para essa solução”, explicou.
“Não penso que tenha sido com a confiança” que Portugal ambiciona, “mas esse é o nosso trabalho (…), trazer de novo Israel para essa solução”, explicou.
Paulo Rangel também se encontrou com o primeiro-ministro palestiniano, que “pediu muito a nossa ação junto da União Europeia” no sentido de “favorecer o cessar-fogo”.
O Governo da Palestina pediu ainda o apoio de Portugal para o ajudar “a atingir os seus objetivos no contexto do território da Cisjordânia e na sua capacitação para, um dia (…) no curto prazo, poder liderar as operações de reconstrução em Gaza”.
O Governo da Palestina pediu ainda o apoio de Portugal para o ajudar “a atingir os seus objetivos no contexto do território da Cisjordânia e na sua capacitação para, um dia (…) no curto prazo, poder liderar as operações de reconstrução em Gaza”.
Reconhecimento do Estado da Palestina não seria “útil”
Questionado sobre o facto de Portugal não reconhecer ainda o Estado da Palestina, ao contrário do que tem vindo a acontecer com outros países europeus, Paulo Rangel reiterou a posição do Governo de que esse reconhecimento não seria útil.
“Nós já dissemos qual é o critério para o reconhecimento [do Estado da Palestina]”, vincou o MNE. “É preciso que o reconhecimento seja útil, porque o que vemos até agora é que todos esses países reconhecem e nada acontece, a situação não melhora”.
“Há uma carga simbólica, sem dúvida, mas ela deve ter um efeito útil”, insistiu. Paulo Rangel relembrou que Portugal foi o primeiro a condenar a decisão de Israel de tornar o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, persona non grata.
No entanto, Rangel relembrou que “as seis resoluções das Nações Unidas que depois de outubro de 2023 foram votadas, foram todas votadas por Portugal no sentido favorável à Autoridade Palestiniana”.
“Portugal foi, juntamente com a Grécia e a Dinamarca, um dos grandes pivots deste trio de que se aumentasse o apoio e a capacitação institucional e logística da Autoridade Palestiniana”, vincou.
O ministro português disse ainda que, quando fala com os países árabes, “todos esperam de Portugal uma ação de mediação, uma ação de influência, uma ação de capacidade de falar com todos”.
Questionado sobre o facto de Portugal não reconhecer ainda o Estado da Palestina, ao contrário do que tem vindo a acontecer com outros países europeus, Paulo Rangel reiterou a posição do Governo de que esse reconhecimento não seria útil.
“Nós já dissemos qual é o critério para o reconhecimento [do Estado da Palestina]”, vincou o MNE. “É preciso que o reconhecimento seja útil, porque o que vemos até agora é que todos esses países reconhecem e nada acontece, a situação não melhora”.
“Há uma carga simbólica, sem dúvida, mas ela deve ter um efeito útil”, insistiu. Paulo Rangel relembrou que Portugal foi o primeiro a condenar a decisão de Israel de tornar o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, persona non grata.
No entanto, Rangel relembrou que “as seis resoluções das Nações Unidas que depois de outubro de 2023 foram votadas, foram todas votadas por Portugal no sentido favorável à Autoridade Palestiniana”.
“Portugal foi, juntamente com a Grécia e a Dinamarca, um dos grandes pivots deste trio de que se aumentasse o apoio e a capacitação institucional e logística da Autoridade Palestiniana”, vincou.
O ministro português disse ainda que, quando fala com os países árabes, “todos esperam de Portugal uma ação de mediação, uma ação de influência, uma ação de capacidade de falar com todos”.
Cessar-fogo "é do interesse" de Israel e Hamas
Sobre o cessar-fogo em Gaza, Paulo Rangel mostrou-se confiante de que irá prosseguir sem interrupções. “Senti de alguns dos atores uma confiança de que isso pudesse acontecer e até um desejo”, revelou à RTP.
O ministro argumentou, nesse sentido, que é importante “manter o ritmo da libertação dos reféns, porque a opinião pública é extremamente exigente nesse ponto”.
Além disso, para o Hamas, “entrar outra vez num ciclo de violência” poderia “ser altamente negativo”, considerou.
“Acho que, na fase em que estamos, é do interesse de ambos que o cessar-fogo se mantenha. É também muito do interesse do Egipto e da Jordânia”, assim como “da Arábia Saudita” ou do Catar, afirmou o MNE português.
“Não acho que se possa perder a esperança ou a confiança de que isso é possível”, vincou.
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