Erdogan diz que a Turquia já não se verga a todas as exigências do Ocidente

por Lusa

O presidente turco reforçou hoje, dia de conversações Turquia-UE, a retórica anti-Ocidente, afirmando que os tempos em que o país era submisso e se vergava a todas as exigências dos países ocidentais chegaram ao fim.

As declarações de Recep Tayyip Erdogan surgem no mesmo dia em que altos representantes da União Europeia mantêm conversações com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, em Bruxelas, com temas como o respeito pelos direitos humanos e a eventual adesão ao bloco europeu a dominar a agenda.

A Turquia tem vindo a endurecer o conflito diplomático com a Alemanha, na sequência da detenção na semana passada de um grupo de ativistas pelos direitos humanos, incluindo um cidadão alemão. O grupo foi acusado de crimes relacionados com terrorismo. Ainda antes dessas detenções, um jornalista alemão de origem turca foi detido, alegadamente, por espionagem e por dar ajuda aos rebeldes curdos.

"O Ocidente quer que a Turquia cumpra as suas exigências sem fazer perguntas... Peço desculpa, mas essa Turquia já não existe", disse Erdogan.

O presidente turco reiterou que vai continuar a "andar em cima de agentes que atuam livremente" na Turquia.

É neste contexto de acusações veladas por parte de Erdogan - e, por parte da UE, de receios de que Ancara se esteja a desviar dos valores europeus e comunitários - que os representantes da UE e turcos vão manter a reunião de hoje, entre a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e os ministros turcos Mevlut Cavusoglu (MNE) e Omer Celik (Assuntos Europeus).

A UE tem vindo a criticar as políticas de Erdogan que visam reforçar o poder e afastar opositores, materializadas no passado mês de abril num referendo que mudou o sistema político na Turquia e passou a dar mais poder ao presidente.

As negociações para uma eventual adesão da Turquia à UE têm estado congeladas. A reunião de hoje deverá abordar precisamente esse tema, bem como a exigência turca de que os seus cidadãos possam entrar na UE sem visto, a luta contra o terrorismo e as relações comerciais e energéticas.

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