Escuteiros dos EUA declaram falência devido a indemnizações por abusos sexuais

por RTP

A organização Boy Scouts of America (BSA) anunciou, esta terça-feira, estar em falência a fim de evitar o pagamento de várias indeminizações por abusos sexuais. Mais de 12 mil crianças terão sido abusadas na instituição. O anúncio teve como objetivo levar à criação de um fundo de compensação às vítimas.

"Embora saibamos que nada pode desfazer os trágicos abusos sofridos pelas vítimas, acreditamos que o processo do capítulo 11 - com a estrutura de confiança proposta - proporcionará uma compensação equitativa a todas as vítimas, mantendo a importante missão da BSA", referiu o executivo chefe Roger Mosby, em comunicado.

Através da declaração de falência, todos os processos civis de que são alvo serão suspensos e a instituição poderá chegar a um acordo com o tribunal.

A falta de recursos económicos para pagar um número tão vasto de indeminizações e o receio de que o património da organização possa ser penhorado foram as principais razões dos advogados da BSA.

Em comunicado, Mosby garante que "a BSA preocupa-se profundamente com todas as vítimas de abuso e pede sinceras desculpas a qualquer pessoa que tenha sido prejudicada durante o seu período na instituição. Estamos indignados com o fato de haver momentos em que indivíduos aproveitaram os nossos programas para prejudicar crianças inocentes".

As primeiras suspeitas de abuso sexual remontam a 2012, altura em que tinham sido identificadas mais de 1000 crianças escuteiras como alegadas vítimas.

Contudo, uma análise mais detalhada ao relatório, conhecido como “os ficheiros da perversão”, apresentado em tribunal e divulgado ao público em 2019 pelo advogado Jeff Anderson, demonstrou que os números reais eram efetivamente maiores.

De modo geral, foram identificados, entre líderes e voluntários, 7,819 suspeitos de abusos sexuais a 12,254 crianças escuteiras, desde 1944 e 2016.

Apesar de todos os agressores terem sido afastados da instituição, Jeff Anderson durante uma conferência de imprensa, revelou que 130 dos alegados agressores encontram-se em Nova Iorque, onde poderão ser alvo de consequências legais.

A nova lei de proteção às vítimas menores, aprovada em Nova Iorque, leva a que possíveis queixas de abuso sexual possam ser averiguadas, independentemente do ano em que ocorreram.





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