Eslováquia. Governo acusa Moscovo de interferência eleitoral e convoca enviado russo
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Eslováquia acusou, esta segunda-feira, a Rússia de interferência nas eleições legislativas e convocou um representante da embaixada russa. O candidato pró-russo Robert Fico, líder do partido Social-Democracia Eslovaca, foi o vencedor das eleições de sábado.
No centro da polémica estão declarações que partiram dos serviços de informações russos, antes das eleições, sugerindo uma “interferência” dos Estados Unidos na política interna eslovaca.
Num comunicado divulgado na passada quinta-feira, o diretor do Serviço de Inteligência Externa da Rússia (SVR), Serguei Naryshkin, acusava os Estados Unidos de instruírem os aliados a trabalhar com empresas locais e círculos políticos para "garantir os resultados de votação exigidos pelos norte-americanos" e garantir a vitória do liberal pró-ocidental Michal Simecka.
O MNE da Eslováquia contesta as declarações de Naryshkin, acusando a Rússia de interferir nas eleições ao divulgar "desinformação".
"O departamento de diplomacia protesta veementemente contra as falsas declarações dos serviços russos que colocam em dúvida a integridade das eleições livres e democráticas na Eslováquia", sublinhou o comunicado.
"Consideramos que essa desinformação espalhada deliberadamente é uma interferência inaceitável da Federação Russa no processo eleitoral”, acrescenta o documento.
O MNE eslovaco apelou à Rússia para que acabe com as “atividades de desinformação” dirigidas à Eslováquia e convocou para esta segunda-feira um representante da embaixada russa.
Rússia rejeita acusações de interferência eleitoral
A embaixada russa em Bratislava já respondeu às acusações para negar qualquer interferência nas eleições da Eslováquia.
"Ao contrário de alguns dos atuais aliados da Eslováquia não interferimos nos assuntos internos de outros países e não nos envolvemos em mudanças de regime", declarou a embaixada russa numa publicação no Facebook.
O Kremlin também reagiu aos comentários, considerando “absurdo” descrever o partido de Fico como “pró-Rússia”.
"Estamos a enfrentar uma situação em que qualquer político que esteja inclinado a pensar na soberania do seu país, a defender os interesses do seu país, é considerado pró-Rússia. Isto é um absurdo", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov. Robert Fico, líder do partido Social-Democracia Eslovaca - Smer, foi o vencedor das eleições legislativas da Eslováquia.
O candidato pró-russo prometeu o fim imediato do apoio militar eslovaco à Ucrânia e prometeu ainda bloquear a entrada da Ucrânia na NATO. Fico - que foi primeiro-ministro da Eslováquia entre 2006 e 2010 e entre 2012 e 2018 - opõe-se às sanções à Rússia e apelou a melhores relações com Moscovo.
O Smer-SSD obteve 23,3% dos votos, o que significa que Fico precisa ainda de negociar uma coligação para governar. A presidente cessante, Zuzana Čaputová, já confiou esta segunda-feira a formação do novo governo a Robert Fico.