Espanha confirma primeiro caso de mulher grávida infetada com Zika

por Graça Andrade Ramos - RTP
Uma mulher grávida em Puerto Rico, junto a um folheto com medidas preventivas contra o vírus Zika. A Espanha confirmou esta quinta-feira o primeiro caso europeu de uma mulher grávida diagnosticada com Zika e que esteve recentemente na Colômbia, uma das zonas de risco. /Alvin Baez - Reuters

O Ministério da Saúde espanhol identificou uma mulher grávida residente na Catalunha como tendo sido infetada com o vírus Zika. É o primeiro caso do género diagnosticado na Europa.

A mulher - que está entre as 13 e 14 semanas de gestação - está bem de saúde e não está hospitalizada. Sabe-se ainda que esteve recentemente na Colômbia, afirmou o departamento de Saúde da Generalitat catalã.

"É uma mulher grávida que revelou sintomas depois de ter viajado para a Colômbia", anunciou, sublinhando que ela era um de sete casos "importados" que estavam a ser seguidos depois de terem viajado para zonas de risco.

O departamento de Saúde da Catalunha reportou ainda um novo caso além desta mulher, aumentando assim para seis o número de casos de pessoas infetadas com Zika (dois homens e quatro mulheres) na região, todos contraídos em países onde a doença é endémica ou onde foi declarada a epidemia.

O Ministério da Saúde de Espanha confirma ainda dois casos detetados na província de Castela-Leão, um em Múrcia e outro em Madrid.

As autoridades do país vizinho apelam à calma e lembram que não existem em Espanha mosquitos da espécie portadora do vírus (Aedes aegypti), pelo que a possiblidade de contrair a doença em território espanhol é ínfima. Também não há indícios de que o mosquito-tigre (Aedes albopictus), que existe em Espanha e que é da mesma espécie do mosquito-vector, se possa tornar portador do vírus.O Zika é considerado especialmente perigoso para os fetos, existindo uma aparente correlação entre a sua deteção no corpo da mãe e milhares casos de microcefalia e outras malformações neurológicas nos recém-nascidos, reportados sobretudo no Brasil e na Venezuela.
 
O vírus tem-se espalhado a uma velocidade alarmante, sobretudo no continente americano, estando já presente em 60 países. A Organização Mundial de Saúde, OMS, lançou um alerta de emergência de saúde pública global devido às consequências da epidemia.

Esta quinta-feira a OMS considerou igualmente "apropriado" restringir a dádiva de sangue de viajantes provenientes de países de risco para evitar a propagação do vírus.

"Com o risco de novas infeções do vírus Zika em numerosos países e a possível ligação entre o vírus e a microcefalia e outras consequências clínicas, restringir as dádivas de sangue daqueles que vêm de regiões onde grassa a epidemia de Zika é considerado uma medida apropriada," referiu a OMA citada pela agência France Presse.

A transmissão do vírus Zika acontece habitualmente através da picada de mosquitos portadores. Mas esta quinta-feira o Brasil confirmou o primeiro caso de Zika transmitido por transfusão sanguínea. Há dois dias, no Texas, foi sinalizado um caso em que o vírus foi aparentemente contraído por via sexual.

Os sintomas de Zika são um mal-estar ligeiro e erupções cutâneas com ardor e podem passar quase despercebidos. A maioria dos casos de infeção têm sido confirmados através de testes de laboratório.
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