Espanha. Foram sancionados militares que assinaram manifesto exaltando Franco

por RTP
Cemitério de El Pardo, local para onde os restos mortais de Franco devem ter transferidos Sergio Perez - Reuters

Um ano depois de ter sido assinada uma declaração pró-franquista, o Ministério da Defesa espanhol anuncia que quatro dos militares que participaram no manifesto foram sancionados. A notícia surge um dia depois de o Supremo Tribunal espanhol ter autorizado a exumação do corpo do antigo ditador.

Dos quase mil militares que assinaram um manifesto de glorificação a Franco, quatro foram sancionados - um tenente-coronel, dois comandantes e dois capitães – e um quinto encontra-se pendente de requerimentos com novas provas.

O Ministério da Defesa espanhol não especificou quais as sanções impostas. No entanto, tal como explica El País, a lei disciplinar das Forças Armadas pune com multas de oito a 14 dias aqueles que incorrem em faltas graves tais como aquelas de que foram acusados os cinco militares.

Segundo avança o jornal espanhol, estas faltas graves consistem em "fazer solicitações, reivindicações, reclamações ou manifestações contrárias à disciplina ou com base em falsas alegações, bem como formulá-las coletivamente através dos meios de comunicação social", ou ainda "fazer publicidade com declarações ou expressar opiniões que suponham violação do dever de neutralidade política ou sindical”.

A declaração pró-franquista foi assinada em agosto de 2018 por 181 militares, aos quais se juntaram mais algumas centenas.

A este manifesto de “respeito e perdão” a Francisco Franco, no qual se exaltavam virtudes do ditador espanhol e se lamentava o golpe de Estado de 1936, surgiu imediatamente uma resposta de rejeição.Francisco Franco integrou o golpe de Estado que, em 1936, marcou o início da Guerra Civil Espanhola. Em 1939 ocupou o cargo de chefe de Estado até à sua morte, em 1975.

Essa outra declaração foi assinada também por um grupo de militares que defendia que o ditador espanhol não era merecedor de “respeito e perdão”, mas sim da “mais absoluta repulsa”.

No início deste ano, os subscritores deste manifesto de “repulsa” também foram sujeitos a um inquérito. Foram igualmente aplicadas sanções a, pelo menos, um dos militares.

Na passada terça-feira, o Supremo Tribunal de Espanha autorizou a exumação dos restos mortais do ditador do Vale dos Caídos para o cemitério de El Pardo, próximo de Madrid.

O processo tinha sido iniciado já em 2018 e a transferência do corpo de Francisco Franco para o Vale dos Caídos devia ter sido realizada a 10 de junho. O Supremo espanhol decidiu, no entanto, suspender a exumação enquanto não estivessem concluídos os vários recursos que foram apresentados, nomeadamente pela família do antigo ditador.

O Supremo Tribunal deu, desta forma, o aval necessário para o Governo espanhol avançar com a exumação de Franco. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, tenciona transformar o Vale dos Caídos num memorial às vítimas da guerra civil espanhola, onde cerca de 500 mil pessoas perderam a vida.

Sánchez já reagiu à decisão do Supremo espanhol, considerando-a “uma grande vitória da democracia espanhola”.
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