Espanha protesta contra Reino Unido por apreensão de petroleiro iraniano em Gibraltar

por Inês Moreira Santos
Lusa

O governo espanhol informou, esta sexta-feira, que pretende apresentar uma queixa formal contra o Reino Unido pela apreensão do navio petroleiro na costa de Gibraltar. Em causa está o velho conflito entre Espanha e Reino Unido pelas águas ao largo da costa de Gibraltar.

Depois da apreensão do navio iraniano Grace 1 pela marinha britânica e pelas autoridades de Gibraltar, esta quinta-feira, a Espanha e o Reino Unido voltam a confrontar-se pelo território de Gibraltar, avança o jornal espanhol El País

O petroleiro iraniano, apreendido por suspeita de estar a transportar petróleo para a Síria – violando as sanções impostas pela União Europeia contra o regime sírio –, estava a passar ao largo da costa de Gibraltar.

Para além das questões levantadas pela captura do navio, surgem ainda questões de soberania das águas onde os militares britânicos intercetaram o Grace 1.

O governo espanhol considera que o petroleiro foi apreendido em águas do extremo-sul da Península Ibérica pertencentes a Espanha. Mas as autoridades de Gibraltar contradizem, argumentando que o petroleiro estaria em águas territoriais britânicas.

A questão é que Espanha considera o mar ao largo da costa de Gibraltar como parte das suas águas territoriais, ao passo que o Reino Unido afirma que essa zona lhe pertence.

Josep Borrel, ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, afirmou que o Governo espanhol está a investigar as circunstâncias e a analisar como isto afeta a sua soberania.

Segundo relatórios oficiais, as autoridades britânicas notificaram a Espanha antes de os Royal Marines intercetarem o supertanque iraniano no porto de Gibraltar. Mas, na verdade, o navio foi apreendido ao largo de águas que a Espanha reconhece como suas. Contudo, e embora a Espanha reclame aquele território, não interveio na operação.

"A Espanha não queria interferir porque se tratava de aplicar as sanções da UE", informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Fabian Picardo, chefe de Governo de Gibraltar, disse que o navio estaria a caminho da refinaria de Banyas, que, segundo ele, "é propriedade de uma entidade sujeita a sanções da UE contra a Síria".

A queixa que o governo espanhol quer fazer contra o Reino Unido relaciona-se com o facto de o navio Grace 1 ter sido apreendido em águas alegadamente espanholas e não no porto de Gibraltar.

No entanto, fontes diplomáticas britânicas terão dito ao jornal El País que “o governo espanhol também apoia as sanções” e, “embora ambos os governos tenham assuntos pendentes relativamente à questão territorial de Gibraltar”, têm o mesmo objetivo de garantir as sanções da União Europeia contra a Síria.

pub