Estado Islâmico arrasou ruínas de Nimrud

A antiga cidade assíria de Kalhu ou Nimrud foi arrasada por militantes do Estado Islâmico, de acordo com um vídeo publicado na internet pelo grupo islamita. Usando escavadoras, martelos e explosivos, os militantes destruíram o sítio arqueológico datado do séc XIII antes de Cristo.

RTP /
visitantes olham a 8 de março de 2015 um mural assírio de Khorsabad, no Museu Nacional do Iraque. A antiga cidade de Khorsabad, com 2.700 anos e famosa pelas suas estátuas gigantes de corpos de toruro alados com cabeça humana terá sido em parte arrasada pelo Estado Islâmico afirmou o Governo iraquiano em março de 2015. Khalid al-Mousily/Reuters

O vídeo de sete minutos, publicado ao fim do dia de sábado, mostra militantes barbudos a usar todo o tipo de martelos e serras para derrubar altos relevos em alabastro de antigos reis e divindades dos assírios.

Uma escavadora deita abaixo paredes, ao mesmo tempo que outros militantes enchem barris com explosivos e depois arrasam três áreas diferentes do local, através de enormes explosões."Deus honrou-nos, no Estado Islâmico, para removermos este ídolos e estátuas adorados no passado em vez de Alá", afirma um miltante no vídeo. Um outro promete que "em qualquer pedaço de terra que conquistarmos iremos remover sinais de idolatria e espalhar o monoteísmo".

O Estado Islâmico tem destruído na Síria e sobretudo no Iraque, antigas relíquias históricas que afirmam promover a idolatria, de acordo com a sua interpretação radical da lei islâmica. Outras vezes o grupo extremista vende as antiguidades para obter financiamentos para as suas atividades.

Entre os locais destruídos inclui-se a antiga cidade iraquiana de Hatra, antes classificado pela UNESCO.

Algumas das figuras mostradas no vídeo parecem ter barras de aço usadas modernamente para reforçar estruturas de cimento mas um responsável do Ministério das Antiguidades do Iraque garantiu à APTN, sob anonimato, que todas as figuras agora destruídas eram autênticas.
Em março, tanto autoridades iraquianas como das Nações Unidas afirmaram que o local arqueológico tinha sido vandalizado e saqueado.
Uma civilização com cinco mil anos
A civilização assíria floresceu cerca de 2.500 anos antes de Cristo e chegou a reger territórios desde as costas do Mediterrâneo até ao atual Irão.

Os assírios deixaram dezenas de templos e de cidades, decorados com enormes relevos celebrando sobretudo as conquistas militares dos seus reis, caçadas a leões e sacrifícios às divindades, cuja principal característica eram asas colossais sobre corpos de leão ou de touro com cabeças humanas. Nimrud, ou Kalhu em assírio, nas margens sueste do Rio Tigre, foi fundada no séc.XIII AC. Durante o reinado de Ashurnasirpal II foi a segunda capital do império assírio. Outras capitais eram Ashur, Dur Sharrukin e Nínive.

A cidade de Kalhu, atual Nimrud, fica 30 quilómetros a sul de Mossul e foi descoberta no séc. XIX. As primeiras escavações arqueológicas foram realizadas entre 1845 e 1851, sob direção do arqueólogo britânico Austen Henry.

A cidade estava rodeada de uma muralha com quatro lados e oito quilómetros de comprimento. Entre as ruínas encontrava-se o Palácio de Ashurnasirpal II, assim como um templo de Nabu, deus assírio da escrita e das artes, entre outros.

Entre as relíquias de Nimrud figuram os túmulos reais de quatro mulheres, onde foram recolhidas 613 peças de joalharia de ouro e de pedras preciosas.

Estas estavam guardadas num cofre mandado construir pelo antigo Presidente do Iraque, Saddam Hussein, pelo que escaparam à pilhagem do Museu Nacional do Iraque que se seguiu à invasão do Iraque pela coligação internacional, em 2003.
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