Estados Unidos aprovam fim da neutralidade da internet

por Inês Geraldo - RTP
Ajit Pai é o diretor-geral da Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos Reuters

A Comissão Federal de Comunicações norte-americana concordou esta quarta-feira numa nova lei que aprova o fim da neutralidade da internet. Com esta decisão histórica, os grandes fornecedores de internet vão poder escolher e manipular a velocidade do tráfego de alguns sites.

Numa decisão inédita, a maioria republicana votou a favor do fim da neutralidade da internet, fazendo com que a mesma deixe de ser um serviço público de acesso livre para todos os que a utilizam.

Esta nova medida faz com que a norma de 2015, que não permitia aos grandes fornecedores de internet bloquear conteúdos ou manipular a velocidade do tráfego em certas páginas, fique suspensa, dando poder a grandes empresas mundiais.

Conglomerados empresariais como a AT&T, Comcast ou Verizon Communications Inc vão passar a escolher a velocidade aos conteúdos aos quais os utilizadores vão poder ter acesso. Apenas têm de tornar a opção do conhecimento público.

O fim da neutralidade da internet foi aprovado por Ajit Pai, um republicano escolhido por Donald Trump para tratar das questões levantadas por Barack Obama sobre o poder dos fornecedores de internet sobre o conteúdo ali partilhado.

Grandes empresas como a Google ou o Facebook pediram ao diretor-geral da Comissão Federal de Comunicações norte-americana para que a nova lei não fosse adiante e vários grupos de ativistas democratas mostraram o seu descontentamento com a decisão.
Grupos de democratas avançam para a justiça
Os democratas foram os primeiros a mostrarem-se insatisfeitos pela aprovação do fim da neutralidade da internet. Eric Schneiderman, democrata, anunciou em comunicado que vai avançar com uma ação legal em vários estados para tentar reverter a nova lei.

Schneiderman declarou que o voto a favor é um “grande golpe” sobre os consumidores de Nova Iorque e todos os utilizadores que acreditam na internet como uma espaço aberto e grátis para todos.

Mignon Clyburn, uma democrata pertencente à Comissão Federal de Comunicações, mostrou-se crítica com a aprovação do fim da neutralidade da internet e declarou que a nova lei apenas interessa aos grandes grupos de fornecimento de internet que vão ganhar ainda mais dinheiro.
Decisão pouco popular
É pouco provável que comecem a ser notadas mudanças nos próximos tempos enquanto se navega pelos servidores de internet. Existem muitas preocupações com os novos poderes dados aos grandes fornecedores de internet que já garantiram que não vão bloquear conteúdos.

Apesar da promessa, estas grandes empresas já admitiram que podem colocar alguns conteúdos à disposição mediante pagamento. De acordo com estes grandes conglomerados de internet, os consumidores não vão notar diferenças.

Os democratas continuaram a enxurrada de críticas e falam numa opção da Comissão Federal de Comunicações que dá de barato um poder extraordinário às grandes empresas.

Jessica Rosenworcel, também ela democrata e com um lugar na Comissão de Comunicações norte-americana, mostrou-se espantada pela decisão.

“Eles [empresas fornecedoras de internet] têm a habilidade técnica e incentivos negociais para discriminar e manipular o vosso tráfego de internet. E agora, esta agência [Comissão Federal de Comunicações] dá-lhes luz verde para iniciar esse processo”, declarou Rosenworcel.

(c/ agências)
Tópicos
pub