"Este é o rosto da guerra no século XXI", disse Bush há 20 anos

por Carla Quirino - RTP
Nova York Shannon Stapleton - Reuters

Às 8 horas e 46 minutos da manhã do dia 11 de setembro de 2001 um avião embatia no edifício norte das Torre Gémeas. 15 minutos depois, um segundo avião atingia a torre sul. Em direto, a partir de Nova York, as televisões transmitiram para todo o mundo a segunda explosão e tudo o que se seguiu. Uma hora depois, desabava a torre sul, sucedendo-lhe a torre norte com muitas pessoas dentro. Dos ataques resultaram cerca de 3000 mortes.

Ao todo, foram sequestrados quatro voos. Dois embateram nas torres de 110 andares nova iorquinas, outro no Pentágono em Washington DC, o quarto caiu na zona rural da Pensilvânia.

Em 90 minutos, os ataques terroristas de há 20 anos marcaram a história dos Estados Unidos e de todo o mundo.

Era para ser uma manhã tranquila, estava o então presidente dos Estados Unidos, George Bush, na Flórida, a visitar uma escola, quando o chefe de gabinete Andy Card lhe sussurrou ao ouvido: "A América está a ser atacada".

O voo 11 da American Airlines tinha embatido contra a torre norte do World Trade Center e logo a seguir a torre sul foi atingida pelo voo 175 da United Airlines.

"É um momento congelado no tempo, e eu honestamente acredito ... foi o momento em que ele percebeu que era presidente e qual era sua função: cumprir o juramento [de] preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos contra todos os inimigos, estrangeiros e domésticos" recordou Andy Card em entrevista à NBC.
Aquele dia 11 de setembro
A Administração Federal de Aviação (AFA) proíbiu a circulação de voos no espaço aéreo de Nova York, mas novo alerta surge quando chegam mensagens do voo 77 da American Airlines enviadas por passageiros a dizerem que o seu voo também estava sequestrado. O alvo deste terceiro avião acabou por ser o edifício do Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos E.U., que foi atingido do lado oeste.

O espaço aéreo do país foi totalmente fechado e a AFA ordenou que todos os voos pousassem.

Pelas 9h55 o presidente e Card levantam de Sarasota a bordo do Air Force One, protegido por caças.

Quatro minutos depois desmorona a primeira Torre Gémea.

"O vice-presidente pergunta ao presidente se ele autorizaria os nossos pilotos a abater jatos comerciais se não atendessem às ordens de pouso da AFA", conta Card. Depois do presidente dar o sinal verde e desligar o telefone, disse para Card: "Eu era um piloto da Guarda Aérea Nacional. Não me consigo imaginar a receber uma ordem destas", recorda o chefe de gabinete.

Os passageiros do quarto voo sequestrado, quando sabem do que se passa em Nova York, decidem lutar contra os terroristas. Conseguem forçar o avião a descer antes de chegar a uma área urbana.

O confronto foi registado no gravador de voz da cabine. O voo 93 da United embate numa zona rural da Pensilvânia às 10h03.

Em Nova York, da torre que continuava a arder, viam-se pessoas a atirarem-se das janelas. Meia hora depois a torre norte desaba.

De tarde ainda desmoronou um edifício de 47 andares que fazia parte do complexo das Torres Gémeas. Neste, já não havia ninguém dentro.   

A zona de Lower Manhattan ficou soterrada numa nuvem de pó do cimento e aço da destruição.

Em Washington, já depois de o avião presidencial ter aterrado ao fim do dia, Andy Card recorda que o presidente, ao ver a nuvem de fumo vinda do Pentágono, lhe disse: "Este é o rosto da guerra do século XXI".

Numa manhã de terça-feira, um Boeing 767 da American Airlines carregado com 20.000 galões de combustível colidiu com a torre norte do World Trade Center na cidade de Nova York. O impacto deixou um buraco em chamas perto do 80º andar do arranha-céu de 110 andares, matando instantaneamente centenas de pessoas e prendendo outras centenas nos andares mais altos. Seguiu-se o empate de outro avião na torre sul. O Pentágono foi parcialmente destruído com o terceiro avião, e o quarto caiu na Pensilvânia. As Torres Gémeas colapsaram. Os aviões sequestrados e apontados a alvos norte americanos foram ataques associados à organização Al Quaeda. Perto de 3000 pessoas morreram. Assinalam-se este sábado os 20 anos do atentado.


Os 20 anos seguintes
Nenhuma organização assumiu os atentados. O mundo em geral repudiou os ataques, e em particular, o governo talibã do Afeganistão, também.

A Assembleia Geral das Nações Unidas e o Conselho de Segurança aprovaram resoluções exigindo que "perpetradores, organizadores e patrocinadores" fossem trazidos à justiça.

A 20 de setembro, Bush, afirma que "todas as evidências que reunimos apontam para uma coleção de organizações terroristas vagamente afiliadas conhecidas como Al Qaeda (…) são os mesmos assassinos indiciados por bombardear as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, e responsáveis pelo bombardeio o USS Cole”, de acordo com o arquivo da Casa Branca.

Osama bin Laden é nomeado líder da Al Qaeda, e Bush exige aos talibãs que entreguem os lideres da Al Qaeda que se escondam no território e que sejam desmantelados os campos de treino dos alegados terroristas. Laden nega envolvimento e o governo talibã recusa a exigência americana enquanto não forem apresentadas provas. As divergências entre Cabul e Washington acumularam-se, e a partir de outubro, forças conjuntas americanas e britânicas iniciam bombardeamentos. As ações seriam cirúrgicas, dirigidas aos campos militares da Al Qaeda localizados em território afegão, disseram os americanos.

Os talibãs e Al Qaeda passaram a estar do mesmo lado da barricada e no fim de dezembro de 2001, estabelece-se uma administração transitória do Afeganistão que toma posse em Cabul, sob proteção da força ocidental.

Osama bin Laden, descendente de uma família abastada da Arábia Saudita, foi responsabilizado por ter planeado os vários ataques e acabou por ser morto em 2011. O anúncio foi feito por Barack Obama, então presidente dos Estados Unidos.

Khalid Sheikh Mohammed, também apontado por ser o cérebro de vários atentados, foi capturado em 2003 no Paquistão. Depois de confessar ter planeado os atentados de 11 de setembro nos E.U. e o atentado em Bali, entre outros, acabou encarcerado na prisão de alta segurança de Guantanamo.

Em 2012, foi questionada a legalidade dos métodos usados pela CIA e FBI para obter essas confissões, o que fez retroceder o processo de judicial.

Devido a dificuldades logísticas da prisão, desencontros administrativos e a pandemia, só esta semana, na véspera das cerimónias que assinalam os 20 anos dos ataques, é que recomeçou o julgamento.

O ciclo de 20 anos de presença americana e forças da Nato foi fechada com a saída militar em agosto deste ano do Afeganistão.  Os talibãs formaram um governo interino, no qual, o ministro do Interior consta na lista dos terroristas procurados pelo FBI.
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