Cientistas afirmam que a quantidade de água armazenada globalmente em grandes lagos diminuiu, nas últimas três décadas, devido a fatores climáticos e excessivo consumo humano. As observações de imagens de satélite, modelos climáticos e hidrológicos ajudaram os investigadores a demonstrar que mais de 50 por cento dos grandes lagos e reservatórios naturais sofreram perda de volume de água.
250 mil imagens de satélite de 1992 a 2020
Noutro exemplo, os cientistas registaram declínios acentuados no Lago Mead, do Rio Colorado, no sudoeste dos EUA. A seca e o uso humano excessivo continuam a ser as principais razões do “drástico recuo” no nível de água.
Com recurso a modelos hidrográficos e climáticos, os investigadores reconstituíram a evolução histórica dos grandes lagos nas últimas décadas.
Descobriram que 53 por cento dos lagos e reservatórios perderam quantidades significativas de água, com “um declínio líquido de cerca de 22 mil milhões de toneladas métricas por ano” – uma quantidade que os autores compararam com “o volume de 17 lagos Mead”.
O relatório revela perdas no armazenamento de água nos lagos globalmente, inclusive nos trópicos húmidos e no frio Ártico. Isso sugere que “as tendências para as áreas de lagos secarem em todo o mundo são mais extensas do que se pensava”, sublinha Yao.
Nas zonas mais frias do mundo, a evaporação do inverno torna-se um problema crescente, porque “as temperaturas mais quentes derretem o gelo que geralmente as cobre, deixando a água exposta à atmosfera”.
Os investigadores trazem também notícia de 180 reservatórios recém-cheios, já que o processo de degelo das zonas geladas encheram os lagos.
“Este estudo realmente destaca o impacto do clima de maneiras que o aproximam de nós – quanta água temos acesso e quais são as opções para aumentar o armazenamento de água?” observa Catherine O'Reilly, professora de geologia da Universidade de Illinois, citada pela estação norte-americana CNN.
“É um pouco assustador ver quantos sistemas de água doce que já não são capazes de armazenar água como antes”, acrescentou.
Comparando as imagens da NASA, visualiza-se a evolução do Lago Mead entre 2000 e 2022.
Dos satélites da NASA chega outro exemplo, agora na Austrália.
Em dezembro de 2016, os lagos Menindee, de Nova Gales do Sul, estavam quase cheios de água. Passados dois anos, esses lagos australianos ficaram quase secos.
As imagens mostram a diminuição dos níveis de água dos lagos Menindee, uma cadeia de lagos de água doce localizada a 110 quilómetros a sudeste de Broken Hill.O aquecimento global e a seca são alguns dos motivos apontados pelos investigadores.
As temperaturas extremamente altas e baixa precipitação provocaram “fluxos extremamente baixos” de água dos lagos Menindee desde agosto de 2018.
Em fevereiro de 2019, o nível de armazenamento do Rio Lower-Darling era de um por cento. A água parou de fluir em partes do rio perdendo-se muita vida aquática e qualidade da água.
“Um aspeto importante que muitas vezes não é reconhecido é a degradação da qualidade da água dos lagos devido ao clima mais quente, o que pressiona o abastecimento de água para as comunidades que dependem deles”, remata Yao. É o “efeito em cascata”.
NASA