O Senado dos Estados Unidos deu início às audiências de confirmação da juíza Amy Coney Barrett, indicada pelo presidente Donald Trump para o Supremo Tribunal, apesar da oposição dos democratas. Barrett defendeu que os norte-americanos "merecem um Supremo Tribunal de Justiça independente" que "interprete a Constituição e as leis tal como estão escritas". No entanto, afirmou que adotaria uma abordagem conservadora em relação à lei.
Segundo a Constituição, é precisa a aprovação do Senado para Amy Barrett entrar no Supremo Tribunal, onde cinco dos nove juízes são conservadores- Visto que o cargo é vitalício, esta maioria poderá manter-se durante vários anos.
Barrett resumiu desta forma a abordagem conservadora à lei que deixou os republicanos entusiasmados, segundo menciona a AFP.
Amy Barrett falou sobre a sua filosofia judicial, a sua experiência e a sua família no final do primeiro dia das audiências de confirmação, de que os democratas do Senado estão a recorrer, considerando-a uma ameaça para os cuidados de saúde dos norte-americanos durante a pandemia do novo coronavírus.
Recorde-se que a juíza é católica praticante e contra o aborto e o casamento homossexual. Mãe de sete filhos, incluindo dois adotados e um com síndrome de Down, disse diante de estudantes que "a vossa carreira legal é apenas um meio para atingir um fim e esse fim é construir o reino de Deus". Contudo, Barrett alega que consegue manter a sua fé separada dos seus argumentos legais.
A juíza comparou ainda, nesta audiência, a sua abordagem à do seu mentor conservador, o falecido juiz Antonin Scalia.
"Os tribunais têm uma responsabilidade vital para com o Estado de Direito, que é fundamental para uma sociedade livre. Mas os tribunais não foram projetados para resolver todos os problemas ou corrigir todos os erros da nossa vida pública", disse Barrett, ao ler um comunicado.
"As decisões políticas e julgamentos de valor do governo devem ser feitos pelos políticos eleitos perante o povo. O público não deve esperar que os tribunais o façam e os tribunais não devem julgar", afirmou, sublinhando aos senadores estar "eternamente grata" pelo caminho pioneiro de Ginsburg como mulher no tribunal.
A nomeada, juíza do Tribunal da Relação, manifestou opiniões conservadoras com linguagem frequentemente coloquial, mas recusou responder a vários pormenores, negando-se a responder se recusaria qualquer caso relacionado com as eleições envolvendo Trump, que está a pressionar para que Barrett seja confirmada antes da eleição presidencial de 3 de novembro.
"Os juízes não podem simplesmente acordar um dia e dizer que tenho uma agenda - Eu gosto de armas ou odeio armas, eu gosto do aborto ou odeio o aborto. Não posso entrar como uma rainha e impor a minha vontade ao mundo", disse a nomeada perante a Comissão Judicial do Senado.
"Esta não é a lei de Amy. Esta é a lei do povo norte-americano", acrescentou.
Sobre as eleições, Barrett disse que se recusava a receber no tribunal qualquer disputa eleitoral.
Mas segundo Barrett disse na audiência desta terça-feira, seria uma "violação grosseira" da independência judicial se se comprometesse com o presidente sobre como vai gerir os casos do Supremo Tribunal. A juíza garantiu ainda aos senadores que não falou com o Trump ou qualquer membro da Casa Branca sobre como iria lidar com os casos.
Under questioning from Chris Coons, Amy Coney Barrett refuses to commit herself to recusing from 2020 election-related cases (Trump has publicly said he thinks seating her is important in case an election-related case comes before SCOTUS) pic.twitter.com/7nwYYoBJ7t
— Aaron Rupar (@atrupar) October 13, 2020
"Eu posso. Eu fiz isso", respondeu Amy Barrett. "Eu vou continuar a fazer isso".
Posteriormente, Graham elogiou-a como uma mulher conservadora e de fé e que, na sua ótica, era a melhor nomeada que Trump poderia ter escolhido.
"Farei tudo o que puder para garantir que você tem um lugar à mesa. E essa mesa é o Supremo Tribunal", disse o presidente da Comissão Judicial.