EUA. Caos nos postos de combustível após ciberataque de hackers

por RTP
O FBI está a investigar o ataque informático que originou o caos nas bombas de gasolina. Jonathan Drake - Reuters

Os postos de abastecimento no leste e no sul dos Estados Unidos enfrentam o caos, com açambarcamentos massivos e preços a subir a pique, depois de terem estado paralisados durante seis dias devido a um ataque informático lançado sobre a maior rede de oleodutos norte-americana. O FBI está a investigar o caso e suspeita de um grupo de crime organizado que opera a partir da Rússia.

A Colonial Pipeline, rede de oleodutos que alimenta os postos de abastecimento de uma grande área dos Estados Unidos, suspendeu na passada sexta-feira as suas operações após ter sido alvo de um ciberataque.

Habitualmente, a empresa transporta até 2,5 milhões de barris de gasolina, gasóleo e combustível de aviação por dia desde as refinarias no Golfo do México até às grandes cidades no sul e leste dos EUA.

O ataque informático de que foi vítima levou a Colonial a interromper as operações em toda a rede de oleodutos para evitar mais danos nos sistemas de computador. Apenas na quarta-feira pôde ser “reiniciado o sistema”, anunciou a empresa, adiantando que serão necessários vários dias para que o abastecimento nos postos de combustível volte ao normal.

A secretária norte-americana da Energia, Jennifer Granholm, explicou que a partir desta quinta-feira vão começar a ver-se melhorias nas áreas mais afetadas, com os preços a baixarem novamente e a escassez de combustível a deixar de ser um problema.

“Está a aproximar-se uma fase de alívio”, disse por sua vez Jeanette McGee, porta-voz da conhecida Associação Automobilística Americana (AAA).

Há, no entanto, um tempo de atraso desde que o combustível sai das instalações da Colonial Pipelines até que chega ao destino final. A gasolina viaja a cerca de oito quilómetros por hora através dos tubos, pelo que poderá demorar cerca de duas semanas a chegar da Costa do Golfo até Nova Iorque.
Gasolina nos EUA ao preço mais alto desde 2014
Só na quarta-feira, os preços da gasolina no Estado da Geórgia, entre outros, subiram entre oito a dez centavos, num salto que apenas se costuma observar em episódios de furacão ou outros desastres naturais que obriguem a fechar as refinarias.

O preço médio nacional da gasolina nos EUA subiu para mais de três dólares por gallon, o equivalente a cerca de 2,50€ por 3,7 litros. É o valor mais elevado desde outubro de 2014 no país, segundo a Associação Automobilística Americana.

Em muitas estações, desde a Virgínia à Flórida, os clientes têm levado jerricans para encher, provocando longas filas e originando discussões acesas.

“Estou a sentir-me desesperada com a situação do combustível e desanimada pelo açambarcamento”, disse ao New York Times uma habitante da Carolina do Norte.
FBI suspeita de hackers que operam desde a Rússia
O FBI está a investigar o ataque informático que originou o caos nas bombas de gasolina e acredita que foi levado a cabo pelo grupo de crime organizado DarkSide, cujas operações decorrem na Europa de leste, possivelmente na Rússia.

O presidente Joe Biden adiantou, no entanto, que a agência federal não suspeita do Governo russo, apenas que “os criminosos responsáveis pelo ataque vivem na Rússia”. Num discurso ao país, o líder da Casa Branca pediu aos motoristas que não entrem em pânico devido à falta de combustível e previu que a normalidade no abastecimento possa ser retomada neste fim de semana.

Entretanto, o grupo responsável pelo ciberataque avançou, anonimamente, que iria publicar os dados privados de outras três empresas que alegadamente terão violado a lei, incluindo uma empresa de tecnologia sediada em Illinois.

Não se sabe ainda quanto dinheiro os hackers terão exigido à Colonial Pipelines, mas fontes ligadas à empresa afirmaram à agência Reuters que a rede de oleodutos possui um seguro que costuma cobrir pagamentos deste tipo a piratas informáticos para impedir situações como a que acabou por acontecer na passada semana.

A última vez que a Colonial teve que interromper as suas linhas de transporte de combustível foi durante o furacão Harvey, que atingiu o Golfo do México, em 2017.

c/ agências
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