Em reação aos ataques às refinarias sauditas, o Presidente dos Estados Unidos disse no domingo que os norte-americanos estão "carregados e prontos" para responder. Donald Trump aponta que, embora pense saber quem é o "culpado", vai aguardar por uma confirmação por parte de Riade.
"As refinarias de petróleo da Arábia Saudita foram atacadas. Há razões para pensar que conhecemos o culpado, estamos carregados e prontos, com verificação pendente, mas estamos a aguardar por notícias do reino [saudita] sobre quem eles acreditam que foi a causa desse ataque e em que termos vamos prosseguir!", escreveu no domingo à noite Donald Trump, na sua conta do Twitter.
Saudi Arabia oil supply was attacked. There is reason to believe that we know the culprit, are locked and loaded depending on verification, but are waiting to hear from the Kingdom as to who they believe was the cause of this attack, and under what terms we would proceed!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 15, 2019
Horas antes, Donald Trump autorizou o recurso às reservas de petróleo, "caso seja necessário", para estabilizar os mercados de energia após o ataque às instalações da Arábia Saudita.
Segundo o Presidente norte-americano, apenas a autorização poderia ajudar a evitar um aumento nos preços do petróleo, após o ataque ter levado à suspensão de mais de cinco por cento da produção diária de petróleo bruto do mundo.
Neste domingo, um barril de petróleo Brent foi negociado a 70,98 dólares em Nova Iorque, um aumento de 18 por cento em relação a sexta-feira, quando estava a ser negociado por 60,15 dólares.
Já esta segunda-feira, com a abertura dos mercados asiáticos, os preços do barril de petróleo subiram mais de 10 por cento.
"As tensões no Médio Oriente estão a subir rapidamente, o que significa que este caso [subida do preço do petróleo] continuará a ecoar durante semana", referiu à agência France Presse o analista Jeffrey Halley, da financeira OANDA.
Quem também já reagiu a este ataque foi o Reino Unido, com o secretário de Estado para os Assuntos Externos a considerar que se tratou de "uma violação da lei internacional" e a jurar apoio à Arábia Saudita, uma vez que a questão "tem implicações para os mercados" a nível global.
"Quanto à responsabilidade por este ataque, ainda não é uma questão muito clara. (...) É um ataque muito sério e temos de estar tão unidos quanto possível numa resposta internacional", afirmou Dominic Raab, citado pelas agências internacionais.
A China pede cautela e calma nesta questão, considerando que será precipitado tomar qualquer decisão ou agir "antes de uma investigação conclusiva", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, citado pelo agência Reuters.
Culpado por identificar
O ataque de drones, que atingiu a maior instalação de processamento de petróleo do mundo e um grande campo de petróleo, já foi reivindicado pelos rebeldes iemenitas Houthis, segundo adiantou a agência Reuters.
Os Houthis, apoiados politicamente pelo Irão, grande rival regional da Arábia Saudita, afirmaram que tinham disparado uma dezena de drones em direção às instalações petrolíferas da Aramco, situadas em Abqaiq e Khurais.“Apesar de todos os alertas sobre os pedidos de redução, o Irão lançou agora um ataque sem precedentes no fornecimento de energia do mundo”, escreveu o secretário de Estado norte-americano na sua conta pessoal do Twitter.
Tehran is behind nearly 100 attacks on Saudi Arabia while Rouhani and Zarif pretend to engage in diplomacy. Amid all the calls for de-escalation, Iran has now launched an unprecedented attack on the world’s energy supply. There is no evidence the attacks came from Yemen.
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) 14 de setembro de 2019
— Bloomberg TicToc (@tictoc) 16 de setembro de 2019
We call on all nations to publicly and unequivocally condemn Iran’s attacks. The United States will work with our partners and allies to ensure that energy markets remain well supplied and Iran is held accountable for its aggression
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) 14 de setembro de 2019
Da “pressão máxima” ao “engano máximo”
A resposta às acusações norte-americanas não tardou a chegar.
"Tais acusações e comentários cegos são incompreensíveis e sem sentido", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irão, Abbas Mousavi.
Já o ministro das Relações Exteriores do Irão acusou Pompeo de se ter voltado para o “engano máximo” depois de ter falhado na “pressão máxima” de reintroduzir sanções norte-americanas sobre Teerão.
“Ao falhar na "pressão máxima", Pompeo vira-se para o "engano máximo". Os Estados Unidos e os seus clientes estão presos no Iémen por causa da ilusão de que a superioridade das armas levará à vitória militar”, publicou Javad Zarif no Twitter.
“Culpar o Irão não vai acabar com o desastre. Aceitar a nossa proposta de 15 de abril para acabar com a guerra e começar as negociações, talvez”, rematou.Having failed at "max pressure", @SecPompeo's turning to "max deceit"
— Javad Zarif (@JZarif) 15 de setembro de 2019
US & its clients are stuck in Yemen because of illusion that weapon superiority will lead to military victory.
Blaming Iran won't end disaster. Accepting our April '15 proposal to end war & begin talks may.