EUA. Chefe da polícia de Seattle demite-se após corte de verbas

por RTP
Lindsey Wasson, Reuters

A chefe da polícia de Seattle, Carmen Best, apresentou a sua demissão, depois de o Conselho Municipal ter decidido cortar 4 milhões de dólares no orçamento para a polícia da cidade, o que implica o afastamento de 100 agentes. O corte foi decidido num contexto de grande contestação à violência policial nos Estados Unidos.

Carmen Best, a primeira afro-americana a chefiar a polícia de Seattle, enviou uma carta ao departamento da polícia anunciando, segundo a agência Associated Press, que a sua demissão produzirá efeitos a partir do dia 2 de setembro. O seu lugar será preenchido interinamente pelo actual vice-chefe da polícia, Adrian Diaz.

A presidente da Câmara de Seattle, Jenny Durkan, respondeu que aceita a demissão de Best, mas acrescentando: "Lamento profundamente que ela tenha concluído que a melhor forma de servir a cidade e ajudar o departamento é uma mudança de direcção, na esperança de que isso mude a dinâmica para avançar com o Conselho Municipal". Durkan tinha escolhido Best para chefiar o departamento em 2018.

Na semana passada, o Conselho Municipal decidiu cortar quatro milhões de dólares num orçamento policial de 400 milhões e aprovou os cortes por unanimidade. Depois, na votação final do orçamento, registou-se um voto contra, da conselheira Kshama Sawan, que emitiu uma declaração de voto a explicar que o corte devia ter sido mais substancial, fazendo-se eco da exigência de um corte de 50 por cento que vem sendo defendida pelo movimento Black Lives Matter. Mas outros conselheiros municipais consideraram que o corte aprovado é um primeiro passo.

Durkan e Best tinham pedido ao Conselho Municipal que adiasse qualquer decisão de corte orçamental, que, a ser aprovada, implicaria o afastamento de agentes mais novos, por ironia precisamente aqueles que estavam a ser recrutados entre as minorias étnicas.

Para além do corte de quatro milhões resultante da reestruturação de uma actividade policial largamente contestada, já estava em cima da mesa uma outra proposta, da própria presidente da Câmara, de cortar 20 milhões, devido à perda de receitas da cidade no contexto da pandemia. Para o próximo ano, a presidente tinha outros cortes projectados no orçamento policial, na ordem dos 75 milhões, ligados à transferência de agentes para outros departamentos.
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