EUA colocam prazo de "semanas" para ser salvo o acordo nuclear com o Irão

por RTP
Dado Ruvic - Reuters

Os Estados Unidos dizem que saberão "mais cedo ou mais tarde" se será possível um regresso ao acordo nuclear com o Irão, exigindo que sejam tomadas decisões já nas próximas semanas. Em declarações lançadas na segunda-feira por um funcionário do Departamento de Estado, foi ainda relembrado que "a maioria das deliberações mais críticas" estão ainda por fechar.

Saberemos mais cedo ou mais tarde se vamos regressar ao JCPOA [acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano], se os Estados Unidos estão de volta ao JCPOA e se o Irão voltará a implementar totalmente as suas obrigações sob esse acordo, ou se, por outro lado, teremos de enfrentar uma outra realidade, de crescente tensão e crise”, declarou o funcionário aos jornalistas após mais uma ronda de negociações em Viena.

Essas negociações, que têm por objetivo salvar o acordo nuclear, estão em suspenso desde sexta-feira, com os negociadores-chefes em consultas nas capitais dos respetivos países, devendo regressar a Viena ainda esta semana para retomar as conversações.

Segundo o funcionário norte-americano, a reunião de sexta-feira foi “uma das mais intensas até à data”.

“Alcançámos progressos ao reduzir a lista de divergências entre as partes, dando ênfase apenas às principais prioridades. Agora é altura de serem tomadas decisões políticas”, declarou.

O responsável sublinhou que “ainda existem lacunas significativas” e que o acordo nuclear apenas poderá ser salvo caso as decisões sejam tomadas com a maior rapidez, mais concretamente “numa questão de semanas”.

“Estamos a falar de semanas, não de meses”, insistiu o membro do Departamento de Estado norte-americano, acrescentando que os desenvolvimentos no programa nuclear do Irão permitem a esse país demorar menos tempo a reunir os materiais necessários para o fabrico de bombas.

Teerão tem garantido, no entanto, que não pretende desenvolver armas nucleares.
Negociações em Viena continuam
Após cinco meses de interrupção, as conversações recomeçaram no final de novembro entre o Irão e os países que ainda fazem parte do acordo concluído em 2015 (França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China).

A ideia é reintegrar os Estados Unidos, que, sob a liderança do ex-presidente Donald Trump, se retiraram unilateralmente do pacto em 2018 e restabeleceram as sanções económicas a Teerão.

As conversações visam também fazer com que o Irão volte a cumprir os seus compromissos, uma vez que Teerão se libertou gradualmente das restrições impostas pelo acordo sobre as suas atividades nucleares, em resposta às medidas norte-americanas.

O acordo de 2015 ofereceu ao Irão um alívio das sanções internacionais em troca de uma drástica limitação do seu programa nuclear, sob rigoroso controlo da ONU, e garantias de que não está a tentar desenvolver armas nucleares, como sempre afirmou.

A chegada à Casa Branca de Joe Biden ajudou a reavivar as discussões, com os norte-americanos a participarem indiretamente, mas sem nunca terem reunido com os iranianos até agora. A União Europeia e os outros participantes atuam como mediadores.

c/ agências
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