EUA e China. Começou a maior guerra comercial da história

por RTP
China diz estar preparada para contra-atacar Joshua Roberts - Reuters

A Administração de Trump colocou esta sexta-feira em vigor as novas taxas alfandegárias sobre produtos chineses no valor de 34 milhões de dólares. Os EUA e a China estão oficialmente em guerra comercial.

Donald Trump ameaçou e concretizou. A partir desta sexta-feira, serão impostas taxas adicionais de 25% sobre um conjunto de produtos chineses no valor de 34 mil milhões de dólares (29 mil milhões de euros) nas importações norte-americanas.

A guerra comercial começou oficialmente e Donald Trump deixou claro que está preparado para a guerra. A China não se deixou intimidar e diz estar preparada para contra-atacar.

O Ministério do Comércio da China diz que está lançada “a maior guerra comercial da história”, e o Presidente dos Estados Unidos garantiu que estas novas taxas são só a primeira de uma série de medidas retaliatórias.

Mais taxas adicionais serão impostas nas próximas duas semanas sobre mais 16 mil milhões de dólares (13,7 mil milhões de euros) de exportações chinesas para os EUA.

A Administração norte-americana acusa a China de práticas comerciais injustas e de roubo de tecnologia. Caso Pequim rejeite ceder às exigências norte-americanas, Donald Trump prometeu aplicar ainda mais punições sobre os produtos chineses, até um total de 550 mil milhões de dólares, um valor superior ao montante total das exportações chinesas para os EUA em 2017.
Consequências globais
As tarifas impostas pela Administração Trump constituem uma violação das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e são uma ameaça não só para a China mas para todo o mundo.

O Ministério do Comércio da China afirmou que vai notificar a OMC sobre a situação e vai trabalhar “com outros países para proteger em conjunto o livre comércio e o sistema multilateral”.

O Diário do Povo, jornal chinês em língua inglesa, caracteriza as taxas alfandegárias como sendo um “bullying” do comércio que irá desencadear uma agitação nos mercados globais.

As ações de Washington "colocam em perigo a cadeia industrial global, dificultam a recuperação económica, causam volatilidade no mercado e afetarão muitas corporações multinacionais inocentes, empresas e países concorrentes", afirma o Ministério do Comércio da China.

Acrescenta ainda que os consumidores ficam desprotegidos e as taxas “prejudicarão os interesses dos negócios e do povo norte-americano".
EUA sofrem mais consequências?
Os Estados Unidos estão a iniciar uma guerra comercial com a China mas as consequências atingirão, também, outros países, uma vez que as taxas alfandegárias são também impostas sobre materiais como o aço, alumínio e painéis solares importados do Canadá, México, União Europeia e Japão.

No entanto, e segundo explica The New York Times, as taxas impostas à China afetam uma fatia muito maior de produtos e empresas que dependem de cadeias de fornecimento globais, o que significa que as empresas americanas podem sair mais prejudicadas do que as empresas chinesas.

Várias empresas americanas têm, a partir desta sexta-feira, de sofrer com um aumento de 25 por cento em peças importadas da China, colocando os fabricantes americanos em desvantagem em relação aos concorrentes externos.

“É preocupante que a Administração [Trump] continue a assumir que a imposição de tarifas convencerá a China a resolver questões comerciais complexas e é irresponsável minimizar o impacto sobre os trabalhadores e empresas americanas”, afirma Josh Kallmer, vice-presidente executivo da política no Conselho da Indústria de Tecnologia da Informação, em declarações ao USA Today.

Por enquanto, não está claro quando, como ou se a guerra irá terminar. Ainda está a começar. William Zarit, presidente da Câmara Americana de Comércio na China, em declarações ao Global Times, diz que “não há vencedores numa guerra comercial”. Pelo contrário, só há perdedores, e o braço de ferro comercial entre Washington e Pequim tem consequências em todos os países do mundo.
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