EUA e Huawei chegam a acordo para a libertação de Meng Wanzhou

por RTP
Reuters

O Departamento de Justiça norte-americano chegou a um acordo com Meng Wanzhou, a diretora financeira da Huawei, para resolver as acusações de fraude, de forma aliviar as tensões entre a China, os Estados Unidos e o Canadá. A CFO da Huawei Technologies está em prisão domiciliária no Canadá, desde 2018, a pedido das autoridades norte-americanas.

Meng Wanzhou, diretora financeira da Huawei e filha do fundador da gigante tecnológica, apareceu esta sexta-feira numa audiência, por videoconferência, no tribunal federal de Nova Iorque. O Departamento de Justiça dos EUA solicitou ao juiz uma audiência "para abordar com este tribunal uma resolução das acusações contra o réu neste assunto".

Meng foi indiciada por acusações de fraude bancária e eletrónica, alegadamente ao enganar o banco HSBC relativamente às atividades da Huawei no Irão. A CFO da Huawei nega as acusações e tem lutado contra a extradição, mas, como parte do acordo de confissão concluído esta sexta-feira, admitiu ter cometido algum delito e, em troca, os promotores federais concordaram em adiar e, eventualmente, retirar as acusações.

De acordo com a Reuters, a Huawei e a CFO estavam associados a um esquema para vender equipamentos informáticos ao Irão, violando as sanções.

Se o acordo for homologado pelo tribunal de Nova Iorque, podem ainda ser libertados dois canadianos detidos por Pequim em 2018, pouco tempo depois de Washington ter detido Wanzhou no aeroporto internacional de Vancouver. Em agosto, um tribunal chinês condenou o canadiano Michael Spavor a 11 anos de prisão por "fornecer ilegalmente segredos de Estado e informações secretas a forças estrangeiras", uma decisão já condenada pelo Canadá.

Spavor foi julgado em março, mas o tribunal decidiu que o veredicto seria anunciado em data a determinar. Em junho do ano passado, a China apresentou também queixa contra Spavor por "fornecer ilegalmente segredos de Estado", enquanto o outro canadiano, Michael Kovrig, foi acusado de os ter roubado.

Tanto Spavor como Kovrig foram detidos poucas horas depois de a diretora financeira da Huawei ser presa no Canadá, em dezembro de 2018 em Vancouver, onde fazia uma escala a caminho do México, a pedido dos Estados Unidos, que pretendiam acusar Meng de fraude bancária para violar as sanções comerciais norte-americanas contra o Irão.

Meng, cuja libertação tem sido repetidamente exigida por Pequim, está em liberdade condicional e vive com a família numa das duas mansões que possui em Vancouver. Já Spavor e Kovrig têm sido mantidos em isolamento, com visitas limitadas ao pessoal consular canadiano, e em celas iluminadas 24 horas por dia, de acordo com a imprensa norte-americana.
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