Na quinta-feira, o FBI realizou duas buscas no Estado de Michigan e deteve dois membros de um grupo neonazi e supremacista branco apelidado de Base. Os dois homens são acusados de tentar ameaçar um apresentador de um podcast. As detenções ocorrem três semanas depois de 12 homens ligados a um outro grupo anti-Governo estadual terem sido acusados de conspirar para o sequestro da governadora de Michigan.
Sherry Workan, sargento da Polícia do Estado de Michigan, escreveu numa declaração que os dois homens publicaram uma fotografia onde Watkins estava a usar uma máscara em formato de caveira em frente à casa que achavam pertencer ao apresentador. No entanto, a casa era de uma outra família que chamou a polícia depois de ter avistado os dois jovens.
Dana Nessel, a procuradora-geral do Michigan, acusou Watkins e Gorman de publicarem ilegalmente uma mensagem com a intenção de ameaçar as vítimas, o que é considerado crime. O grupo Base, fundado em 2018, define-se por incitar à violência contra o Governo norte-americano e por treinar os membros para uma futura “guerra civil”.
O FBI tem investigado o grupo neonazi e prendeu vários membros suspeitos este ano na Geórgia e em Maryland. Suspeita-se que as recentes buscas do FBI e a detenção destes dois outros membros estejam relacionadas com possíveis conspirações por parte do grupo para fomentar a violência apenas a cinco dias das eleições presidenciais.
Uma declaração feita por um detetive da Polícia do Estado de Michigan cita um manifesto escrito pelo líder do Base onde se lê: “Vou treinar com armas de fogo, explosivos, facas, camiões e qualquer outra coisa que eu tenha para destruir este sistema judeu que está a exterminar o meu povo”.
Plano para raptar vários governadores
As duas detenções acontecem três semanas depois de 12 homens ligados a um outro grupo anti-Governo terem sido acusados de conspirar para o sequestro da governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, e de planearem uma “guerra civil”.
Um tribunal federal acusou seis pessoas de conspiração para o sequestro da governadora por não concordarem com as medidas de restrição impostas para controlar o avanço da pandemia e por aquilo que classificaram como “o poder incontrolável” de Whitmer. Outros sete elementos de um grupo paramilitar foram detidos por alegadamente planearem “uma guerra civil” e a conquista de Michigan.
Mais tarde foi revelado que os mesmos homens que planeavam o sequestro de Whitmer, também tinham como alvo o governador do Estado norte-americano da Virgínia, Ralph Northam, também ele democrata. Segundo um agente do FBI, Northam era também apontado devido às restrições impostas naquele Estado para diminuir a propagação da Covid-19.
Na quarta-feira, o FBI adiantou ainda que um dos seis homens que estariam envolvidos no plano de sequestro da governadora de Michigan publicou na rede social Facebook que planeava enforcar o presidente Donald Trump, Hillary Clinton e outros políticos.
De acordo com o FBI, o suspeito identificado como Barry Croft, um motorista de Belaware, escreveu em maio no Facebook: “Eu digo para enforcarmos tudo o que atualmente nos governa, eles são todos culpados”. Croft tem conexões de alto nível a outras milícias por todo o país, incluindo em Delaware, Carolina do Sul, Geórgia, Texas e Carolina do Sul.
A governadora de Michigan acusou Donald Trump de “incitar ainda mais o terrorismo no país” com a sua retórica, considerando que o presidente dos EUA está a “criar uma situação muito perigosa”.
“De cada vez que ele faz uma publicação sobre mim no Twitter, de cada vez que ele diz que o Michigan deve ser libertado e que eu deveria negociar com as pessoas que tentaram raptar-me porque elas são ‘boas’, está a incitar ainda mais o terrorismo no país”, disse Gretchen Whitmer em entrevista à ABC News.
Esta semana, durante um discurso na cidade de Lansing, em Michigan, Trump afirmou que a conspiração demonstra que Whitmer “pode ter um problema”. “Quer dizer, veremos se é um problema, certo? As pessoas têm o direito de dizer que talvez fosse um problema, ou talvez não”, acrescentou o presidente dos EUA.
Whitmer relembrou que ela não foi a única visada. “Certamente foi pior para mim do que para a maioria das pessoas, mas não fui a única a passar por isso, e nem sequer a única democrata”, disse a governadora. “Esta Casa Branca tem o dever de denunciar isto mas não o faz. Na verdade, faz o contrário”, concluiu.