"Ameaça da China é real". Administração Trump apela à fortificação do Indo-Pacífico

O secretário norte-americano da Defesa levou este sábado um aviso ao fórum de segurança Diálogo Shangri-La, em Singapura. Os Estados Unidos, enfatizou Pete Hegseth, não aceitarão ser expulsos de “região crítica” do Indo-Pacífico, diante da ascensão do poderio militar da China. Pequim está “a ensaiar” a tomada de Taiwan, acusou, e os aliados regionais de Washington “podem e devem reforçar as suas próprias defesas”.

Carlos Santos Neves - RTP /
“Não podemos olhar para o lado e ignorar o facto. É uma chamada de atenção urgente” How Hwee Young - EPA

Nas palavras de Hegseth, a China “mostrou que pretende perturbar o status quo” do Indo-Pacífico. “Não podemos olhar para o lado e ignorar o facto. É uma chamada de atenção urgente”, acentuou o secretário da Defesa dos Estados Unidos, referindo-se às manobras militares de Pequim no Mar da China Meridional e em redor de Taiwan.

Quanto à ilha, o governante norte-americano afirmou que “o facto” de o presidente chinês, Xi Jinping, “ter ordenado ao exército que esteja apto a invadir Taiwan até 2027 é do conhecimento público”. O Exército Popular de Libertação, continuou, “está a aumentar as capacidades para esse fim e treina todos os dias para isso”.

“Não há razão para disfarçar. A ameaça colocada pela China é real e pode ser iminente”.Taiwan é governada de forma autónoma desde 1949, dispondo de Forças Armadas e de um sistema político e modelo económico diferentes da realidade chinesa. A China encara, contudo, a ilha como “parte inalienável” do território chinês.


Em março, Pete Hegseth viu reveladas mensagens comprometedoras no serviço de chat Signal, a apelidar a Europa de “patética” face às questões asiáticas. Agora, em Singapura, exortou os países da região a “olhar para os aliados na Europa como um novo exemplo”. Uma afirmação em que o próprio reconheceu ser “difícil de acreditar”.

“A dissuasão não é barata. O tempo é essencial”, clamou.

Segundo o secretário norte-americano da Defesa, o foco europeu na guerra entre Rússia e Ucrânia permitiu aos Estados Unidos reorientar atenções para o seu “teatro prioritário”, leia-se o Indo-Pacífico.

“Não estamos aqui para pregar sobre as alterações climáticas ou assuntos culturais. Mas há uma ameaça a crescer”, vincou.

Não procuramos um conflito com a China comunista. Não vamos procurar instigar, subjugar ou humilhar a China. O presidente Trump e os Estados Unidos têm um imenso respeito pela China e a sua Civilização. Mas não seremos expulsos desta região crítica”, frisou, para depois criticar a ausência de figuras de peso do Governo chinês em Singapura: “Estamos aqui esta manhã e, notavelmente, outros não estão”.

c/ agências
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