EUA pressionaram para alterar Lei do Holocausto polaca

por RTP
Duas semanas após o anúncio da lei, os Estados Unidos enviaram um comunicado ao governo polaco Carlos Barria - Reuters

Nesta quarta-feira a Polónia atenuou a Lei do Holocausto, que tinha aprovado em fevereiro deste ano. Após os protestos de Israel e dos Estados Unidos, existem rumores de que a mudança poderá ter sido obtida por pressão do Governo americano.

O Parlamento polaco votou uma alteração à lei do Holocausto, numa reunião de emergência requerida pelo primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki. A medida proibia a utilização da expressão “campos de extermínio polacos”, bem como a insinuação de que o país fora cúmplice dos crimes nazis.

Com a alteração, a lei passou de ofensa criminal a cível.

A decisão foi tomada na mesma manhã em que a PGNiG, uma companhia petrolífera detida pelo Estado polaco, assinou um contrato de longo termo com os Estados Unidos. O contrato visava o abastecimento de gás natural, uma vez que a Polónia quer reduzir a sua dependência da energia russa.
Comunicado de Washington estabeleceu exigências
A Onet, um órgão de comunicação polaco, noticiou no início deste mês que teve acesso a um comunicado da Casa Branca, datado de 20 de fevereiro – duas semanas após a apresentação da Lei do Holocausto.

O comunicado marcava três pontos essenciais. O primeiro, que não haveria “contactos bilaterais entre os dois países até a crise ser resolvida” – sugerindo que não existiria encontro entre Mateusz Morawiecki e Donald Trump.

O segundo ponto frisava que o Congresso poderia bloquear o financiamento dos projetos militares da Polónia. Por fim, no documento é deixada a nota de que, caso os juízes polacos abrissem processos contra cidadãos americanos, as consequências seriam “dramáticas”.

Este último ponto refere-se ao facto de a Lei do Holocausto permitir multar e processar quem utilize a expressão “campos de extermínio polacos”.

Em comentários sobre a alteração da lei, um legislador do Partido Lei e Justiça (PiS) afirmou, a coberto do anonimato, que as mudanças tinham sido acordadas “como resultado de uma análise da situação”.

“O debate internacional, especialmente nos Estados Unidos, teve impacto. Isto está tudo interligado”, afirmou o legislador.
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