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EUA sancionam rede internacional de apoio ao complexo militar russo

por RTP
Departamento do Tesouro dos EUA Reuters

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou sanções contra uma vasta rede de indivíduos e de entidades que permitem a Moscovo contornar as anteriores sanções impostas por Washington devido à guerra na Ucrânia, vendendo e fornecendo equipamentos e armamento.

A decisão congela quaisquer ativos que os sancionados detenham nos Estados Unidos e proíbe genericamente cidadãos norte-americanos de relações comerciais e financeiras com os visados.

Em comunicado, o Departamento do Tesouro dos EUA referiu que esta ação incrementa a pressão sobre Moscovo, incluindo-se nos esforços para atingir formas de evasão das sanções em todo o mundo e para limitar o acesso da Rússia a rendimentos de que necessita para prosseguir a guerra.

“Os esforços desesperados da Rússia em utilizar procuradores para contornar as sanções dos Estados Unidos comprovam que as sanções encareceram e dificultaram muito o reabastecimento da máquina de guerra de Putin por parte do complexo militar russo”, afirmou no comunicado o vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo.

Washington considera certos membros desta rede responsáveis por apoiar entidades estatais de defesa russas já alvo de sanções.
A rede dos Zimenkov
De acordo com os norte-americanos, a rede é liderada pelo negociante de armamento Igor Zimenkov e pelo seu filho Jonatan, a partir da Rússia e do Chipre.

Ambos foram incluídos na lista de sancionados publicada esta quarta-feira no sítio web do Departamento do Tesouro.

Da lista fazem parte outros oito indivíduos baseados desde a Letónia a Singapura e Uzbequistão, além do Chipre. Além dos Zimenkov, outros cinco detêm múltiplas cidadanias, russa, cipriota, israelita ou italiana. Apenas um é mulher.

A organização dos Zimenkov é acusada de diversas atividades, incluindo o fornecimento de tecnologia de guerra, já depois do início do conflito na Ucrânia.

Zimenkov serviu por exemplo de intermediário entre uma empresa ligada ao complexo industrial-militar bielorrusso, já sancionada pelos EUA, e países clientes da América Latina, informou o Departamento do Tesouro.

Doze entidades foram também sancionadas.

Entre estas, está a Asia Trading & Construction PTE Limited, de Singapura, assim como o seu diretor, que Washington acusa de ter violado as sanções impostas à Rostec, ao vender helicópteros desta a um governo latino-americano.

Outra empresa implicada na rede, a GBD Limited, tentou por sua vez fornecer armamento russo a um país africano.

A lista inclui ainda empresas baseadas em Chipre, na Bulgária e em Israel.

Além desta e de outras redes semelhantes, a comunidade internacional liderada pelos Estados Unidos enfrenta entretanto outros problemas para impor as sanções impostas à Rússia, nomeadamente no comércio de crude.
Navios com bandeiras falsas
A questão foi levantada terça-feira pela revista de política internacional Foreign Policy, que revelou a crescente tática russa de recorrer a pavilhões navais falsos para contornar as sanções, nomeadamente no comércio de petróleo para a China e áreas adjacentes, a exemplo do que já fazem o Irão e a Venezuela.

Muitos países, incluindo os que detêm maiores frotas, como o Japão, a Grécia ou a China, usam as bandeiras das Ilhas Marshall, da Liberia ou do Panama como "bandeira de conveniência", uma vez que nestes países os custos de registos são mais baixos e a regulamentação menos exigente.

Alguns países terão mesmo começado a usa-las sem sequer informar os respetivos países, adquirindo simplesmente números falsos da Organização Marítima Mundial, IMO extremamente difíceis de detetar.

Um analista da Lloyd List Intelligence, confirmou que, cada vez mais armadores escolhem este esquema, através de pequenos registos privados, de forma a evadir os castigos da comunidade internacional.

A prática terá sido adotada nos últimos meses pela Rússia.
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