EUA vão voar "onde o direito internacional permitir". Washington e Moscovo discutiram queda de drone

por Joana Raposo Santos - RTP
Washington garante que caças russos atingiram a hélice do drone, enquanto Moscovo assegura que não houve qualquer contacto com o aparelho. Foto: Andrew Caballero-Reynolds - Pool via Reuters

Os responsáveis máximos da Defesa da Rússia e dos Estados Unidos falaram esta quarta-feira ao telefone sobre a queda de um drone norte-americano no Mar Negro, episódio classificado por Washington como "imprudente" e "perigoso". Os EUA garantem que vão continuar a voar onde quer que o direito internacional o permita.

Segundo Moscovo, a chamada telefónica foi solicitada por Washington. O contacto entre altos-funcionários dos dois países tem sido raro desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, mas a queda do drone dos EUA quebrou o silêncio entre os dois ministros.

Lloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA, disse após a chamada que “os Estados Unidos vão continuar a voar e a operar onde quer que a lei internacional o permita”.

"Acabei de falar ao telefone com o meu homólogo russo, o ministro [Sergei] Shoigu. Como já disse várias vezes, é importante que as grandes potências sejam modelos de transparência e de comunicação", declarou em conferência de imprensa.

“Cabe à Rússia pilotar as suas aeronaves militares de maneira profissional e segura”, acrescentou, dizendo ainda que os EUA levam “muito a sério qualquer potencial de escalada” das tensões entre os dois países.

"E é por isso que acho importante manter os canais de comunicação abertos. Acho que é realmente crucial que possamos pegar no telefone e conversar. E acredito que isso ajudará a evitar erros de cálculo no futuro", declarou Lloyd Austin.

Já o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, confirmou a realização da chamada, mas não avançou mais detalhes sobre a mesma.
"Deliberado ou não?"
A conversa aconteceu um dia depois de as autoridades russas e norte-americanas terem trocado acusações devido à queda de um drone de vigilância militar dos EUA no Mar Negro.

Washington garante que caças russos atingiram a hélice do drone, enquanto Moscovo assegura que não houve qualquer contacto com o aparelho, culpando as "manobras precisas" do objeto pelo incidente.

Na conferência de imprensa conjunta com o secretário da Defesa dos Estados Unidos, o chefe do Estado-Maior dos EUA avançou que Washington vai examinar os dados do drone para clarificar os factos, dizendo ainda que pretende falar com o homólogo russo.

"Temos uma chamada agendada, vamos ver se acontece", revelou Mark Milley. "Se foi deliberado ou não? Ainda não sei. Sabemos que a interceção foi deliberada. Sabemos que o comportamento agressivo foi deliberado, sabemos também que foi pouco profissional e perigoso".

Para os Estados Unidos, resta apenas saber se o contacto físico entre os dois aparelhos aéreos foi também deliberado.
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