Exercícios militares pressionam Taipé após apoio dos EUA
As manobras lançadas esta segunda-feira pela China em torno de Taiwan simulam um "estreitamento do cerco" à ilha e respondem ao reforço do apoio militar dos Estados Unidos, segundo especialistas chineses citados pela imprensa oficial chinesa.
O Exército de Libertação Popular delimitou cinco zonas de exercício com fogo real - duas a norte, duas a sul e uma a leste da ilha - numa configuração que, segundo Zhang Chi, professor da Universidade Nacional de Defesa da China, visa permitir aproximações "por múltiplas direções" e um controlo conjunto do espaço marítimo e aéreo.
Em declarações ao jornal oficial Global Times, o académico apontou três características que diferenciam os exercícios de operações anteriores: a proximidade inédita à ilha, a configuração em três flancos e os alvos táticos mais definidos.
Zhang afirmou que as zonas a norte estão próximas dos principais portos da região e visam tanto as infraestruturas como os "líderes independentistas", numa possível simulação de bloqueio. Já a zona leste, sugeriu, procura controlar um corredor crucial para eventual apoio externo a Taiwan - numa alusão velada aos Estados Unidos, maior fornecedor de armamento a Taipé.
O analista militar Fu Zhengnan, citado por uma conta nas redes sociais associada à televisão estatal chinesa CCTV, afirmou que os exercícios são uma resposta direta à recente aprovação, por parte de Washington, de um pacote de vendas de armas a Taiwan no valor de 11,1 mil milhões de dólares (9,43 mil milhões de euros).
Segundo Fu, ao contrário de pacotes anteriores, este inclui sistemas ofensivos e capacidades de comando e redes táticas, o que justifica, na ótica de Pequim, uma resposta "razoável e legal" para proteger a soberania da China.
As declarações coincidem com o início das manobras militares chinesas, que decorrem entre hoje e terça-feira em torno do Estreito de Taiwan, e com a promulgação da Lei de Autorização de Defesa para 2026 nos EUA, que prevê novos mecanismos de apoio militar à ilha.
Taiwan é autogovernada desde 1949, mas a China considera a ilha uma "parte inalienável" do seu território e não descarta o uso da força para alcançar o que descreve como `reunificação`. O Governo de Taipé rejeita essa posição e insiste que apenas os 23 milhões de habitantes podem decidir o futuro político da ilha.